Sonho sonhado

Lucho González se desdobrou em campo. Foto: Jonathan Campos


Como é no amor, é no futebol: sonhar belos sonhos é bom, mas, às vezes, é melhor não os ter. O sonho dos atleticanos de ganharem a Recopa sobre o River Plate, ontem à noite, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, acabou em uma triste realidade.

Não foi a perda em si, pois essa poderia ser absorvida. Não por desculpas de botequim, mas por um fato incontestável: perdeu no Monumental, onde o River Plate nunca perde. E, mesmo sendo de 3×0.

Esse argumento, que vai ser usado pelo discurso oicial, não me sensibiliza. A verdade é que o Athletico não se preparou para a temporada mais nobre da sua história. Considerado o novo rico do futebol brasileiro, não investiu no futebol. A sua torcida foi enganada e iludida.

O resumo dessa prova escancarou-se em Núñez. Quando sofreu o gol de pênalti do River, com Fernandez, obrigou-se a sair em busca do empate com Rony, Léo Cittadini e Cirino. E, quando teve que se defender do contra-ataque de Pratto, oferecia Paulo André e Jonathan, já derrubados pela natureza.

Mas, o mais grave não pode ser esquecido. Quando o treinador Tiago Nunes conseguiu arrumar a zaga e o meio, a diretoria tratou de desmanchá-los, ao não fiscalizar a manipulação de um remédio, que já tem o rótulo de uso proibido.

O doping de Thiago Heleno e Camacho e a culpa assumida por Petraglia foram metabolizados dentro do Caju, causando uma depressão emocional, física e técnica no time. Simplesmente, o Furacão entrou em colapso por culpa dos seus dirigentes profissionais comandados por Petraglia.

Pode ser que alguém já tenha culpado Tiago Nunes por ter recuado o time. É uma injustiça culpar o treinador, quando ele tem à disposição um Furacão que se resume a Léo Pereira, Renan Lodi, Lucho González e Bruno Guimarães e tem como opções de banco Cirino e a sua tropa. Explica-se a falta de força mental depois do primeiro gol argentino.

A derrota, concordo, não deve servir como epitáfio. Mas essa derrota para o River não pode ser usada como um álibi para os erros e as mentiras dos dirigentes profissionais do Caju.