Sabedoria

Nosso futebol nunca foi pródigo em revelar treinadores para o Brasil. E no entanto, Geraldo Damasceno, Hélio Alves e Borba Filho foram grandes sabedores. Converse com Borba, que continua cruzando o Jordão, sobre futebol, você terá uma aula de tática e jogador. Talvez essa falta de prestígio foi mais em razão, também, da cultura de submissão aos grandes centros.
Nos últimos tempos, não tão recentes, surgiram Levir Culpi e Cuca, que romperam essa barreira. Enquanto Levir se preocupou em ganhar dinheiro (no que não estava errado), Cuca se preocupou em aprender (no que estava absolutamente certo). Bem por isso, Cuca ganhou o título brasileiro, que esteve nas mãos de Levir com o Atlético, em 2004.
Lá atrás, a situação era ainda mais favorável do que era agora, para Cuca. Faltando nove pontos para disputar, bastaria ao Atlético ganhar seis pontos para ser bicampeão do Brasil. Empatou (3×3) em Erechim, um jogo que ganhava do já rebaixado Grêmio, por 3×0 até aos 38 minutos do segundo tempo, depois como favorito, perdeu para um Vasco desinteressado, e por último empatou com o Botafogo, na Baixada, 1×1. A história não absolveu Levir Culpi. Por ser um homem de princípios, esse deve ser, também, o seu sentimento.
Por ter estudado mais para sair do tom conservador que Levir mantém como filosofia, Cuca se tornou um treinador mais inteiro. A sua humildade quando fala, que às vezes o torna ingênuo, esconde a imensa sabedoria, que fica escancarada quando põe seu time para jogar. Quando surge um campeão sem estrelas (a exceção é Jesus) ou estrelismo, é sinal que teve influência no banco. Cuca fez de um Palmeiras rústico e sem brilho individual, um campeão grandioso.
Não conheço Cuca. Sei de suas virtudes forjadas a partir de sua formação pessoal. Sabia que era um grande técnico e que era inevitável ser campeão do Brasil.
Sei, também, que é Furacão desde pequenininho.

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