O futebol por ter uma de suas bases a paixão, é capaz de deformar a personalidade das pessoas, provocando nela desequilíbrios. Eis um exemplo: Fernando Carvalho, vice-presidente de futebol do Internacional.
Enquanto 45 mil colombianos rezavam em Medellín pelos tragédia da Chapecoense, em um ato solidário só superado na chegada do corpo de Ayrton Senna, pode não ter querido, mas associou a “tragédia pessoal do Inter” (foi a sua expressão) à tragédia de Medellín. A questão foi provocada pelo dirigente ao criticar a transferência da última rodada do Brasileiro.
Agora, Carvalho disse que fez um mau emprego de “tragédia”. Outra vez, foi infeliz. Em qualquer dicionário, tragédia significa um fato ruim que acontece. Se for excluída a expressão “tragédia”, ainda, assim, o sentido do que falou não irá mudar. E tragédia associa-se a um fato inesperado, e a campanha do Inter, desde que Carvalho levou e manteve Roth, passou a ser um fato previsível.
Riscos
O Atlético-MG já comunicou a CBF: para ser solidário, não irá jogar a última partida contra a Chapecoense. A decisão, embora de bela aparência, tem base também na oportunidade de não ter ameaçado o quarto lugar no Brasileiro.
As coisas não são tão simples assim.
Há interesses de terceiros no jogo. Se o Galo não for jogar, terá que ser denunciado no STJD. Entre as penas, além da perda de três pontos que não irão influir na classificação final, está a suspensão até de dois anos. O Inter está angustiado para buscar um desvio de comportamento de algum time para ir à Justiça e criar um conflito para evitar o rebaixamento. De repente, o Galo pode satisfazer o seu desejo.
Responsabilidade
Quando a emoção passa vem a realidade. Não demora muito irá se abrir discussão sobre a responsabilidade pelos danos causados à Chape e aos familiares das vítimas. A locação do avião foi feita em Chapecó, que então se torna o foro competente para discutir eventual litigio. Aplica-se, em especial, a lei brasileira, que em matéria de transporte destaca a responsabilidade objetiva do transportador, o que dispensa a apuração de culpa. Bolivianos e venezuelanos são os responsáveis. Tenho uma dúvida: o frete avião não teria sido, também, uma sugestão da Conmebol?