Um dias desses, um leitor escreveu que eu sou comentarista de resultado. Está absolutamente certo o leitor. Em um esporte em que a única verdade é a vitória, não consigo ver muita coisa além dos números do placar de um jogo.
O resultado de um jogo como execução ou não de um projeto, já não tem razão mais absoluta. Não há nenhum clube no futebol brasileiro que tenha um projeto que de a certeza de conquistas a médio prazo. É regra geral que a maioria dos estudos são atropelados e afastados quando a arquibancada exige vitória.
Entre nós, escolham o Coritiba. Há dois anos por conta de “projetos extraordinários”, vários segmentos dos clubes uniram-se para eleger o doutor Rogério Bacellar como presidente. Passado esse tempo, pergunta-se: qual o projeto que o Coritiba está executando? Agora está dando um exemplo: não consegue ganhar no Estadual de adversários semi amadores, porque o treinador é obrigado a usar a base do time que quase foi rebaixado no Brasileiro.
O mais grave de tudo: além de não ter projeto, retoma a política temerária do improviso, que na prática tem sinônimo de inconsequência. Se não chegou, vai chegar um meia de nome Daniel “Messi”, que foi contratado a pedido do filho de um dirigente. Pior do que não ter projeto, é provocar tumulto no sentimento da torcida, como a de criar um fato de impacto como a tentativa de contratar Ronaldinho Gaúcho, consciente de que não tem respaldo interno para sustentá-lo. E se Ronaldinho aceitar a proposta, o Coritiba vai bancá-lo? E se Ronaldinho não aceitar a proposta, os dirigentes botarão a cara em uma entrevista coletiva para dizer o quê?
No Atlético é tudo belo e encantador.
Só que para disputar uma Libertadores busca jogadores que, à exceção de Grafite, só tem a experiência como elemento diferencial dos que já estavam aqui. Devolve Crysan como titular como se tivesse evoluído o mínimo daquele que foi mandado para um time de segunda divisão. Esse fato atende, também, pelo nome de improviso.
Tomem o meia Felipe Gedoz como exemplo: custou 1,5 milhão de dólares. Gedoz é inferior a qualquer jovem meio-campo que está vindo da base. Não acredito que se encaixe em um projeto sério essa espécie de excesso. Os dirigentes que não enganem a torcida. O Furacão tem obrigação de passar essas duas fases eliminatórias da Libertadores. Do contrário, provará que o seu projeto está na regra geral que se adota no futebol brasileiro.