As Olimpíadas já vão para o quarto dia e, apenas quatro fatos provocaram o sentimento de emoção nos brasileiros: a ternura da voz de Paulinho da Viola cantando o Hino Nacional, o esplendor de Gisele Bündchen, que fez crer que Tom e Vinicius há 50 anos a imaginaram para eternizar a “Garota de Ipanema”, Vanderlei Cordeiro de Lima acendendo a pira olímpica, e a menina Rafaela Silva, que desceu da favela da Cidade de Deus, para ganhar a medalha de ouro no Judô para 57 kg feminino. De resto, por enquanto, é só o ufanismo.
O nosso futebol simplesmente está jogando as chuteiras fora. Nem um improvável título olímpico afastará a certeza de que perdemos o rumo. Os empates sem gols com África do Sul e Iraque provaram que a narração ufanista (a exceção é Casagrande) não quer transmitir: o Brasil já não ganha sequer de semiamadores, como o Iraque, não porque lhe falta só organização dentro de fora de campo. Falta isso, mas falta-lhe principalmente jogadores com qualidade. A última geração – de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Cafu e Roberto Carlos – foi extinta já há algum tempo e não houve reposição. Da nova, que tinha Neymar como referência, não se revelou mais ninguém. E corre o risco de Neymar entrar para história mais como celebridade milionária do que craque.
O que falta ao Brasil é uma política de renovação, mas que diante da penúria dos clubes e a desmoralização da CBF precisa ser implementada por lei. A Lei Pelé deformou o futebol brasileiro, porque o seu espirito – que era estabelecer uma relação de igualdade entre jogador e clube – foi usado para abastecer empresários e dirigentes. Não estou sugerindo uma intervenção estatal. Sou contra tudo a que o Estado intervém. Mas só a partir de uma lei que imobilize o aproveitamento do futebol para benefício de terceiros pode-se ter esperança do Brasil voltar a ser o melhor do mundo.Mas para isso, até o discurso da imprensa precisa mudar. Se o Brasil ganhar o ouro, teremos que ouvir o grito ufanista de Galvão Bueno. E, aí, todos ficarão felizes e tudo continuará como está.
De primeira
A avaliação judicial da Baixada no processo de Execução da Fomento Paraná seguiu os mesmos critérios do BNDES. Valor: 600 milhões de reais. Agora, a Fomento Paraná que sentou sobre os direitos do potencial construtivo, dando um prejuízo para o Atlético e para si própria, deve assinar o acordo.