No futebol, por mais forte que seja, a versão não sobrevive ao fato.
O fato: o Atlético ganhou do Sport (2×0), e desta vez não se pode atribuir a influência de um artifício da grama, ou um apoio do acaso. Ganhou porque foi metade cabeça, metade coração, e então, foi completo para as circunstâncias do jogo. No primeiro tempo foi tremendamente brilhante no aspecto tático, a partir de um âncora perfeito: Pablo. Nesse moço concentrou toda a razão do seu jogo. E Pablo desconsertou todo o projeto de jogo do Sport, conciliando a sua qualidade técnica com a sua inteligência de buscar espaços.
O resultado foi que submeteu o Sport ao seu completo domínio, fazendo do gol uma mera consequência. E vieram os dois da vitória: com André Lima que pegou um cruzamento da esquerda; e depois, com Tiago Heleno no pênalti, que tinha sido superado em razão de que o chute de Pablo cruzara a linha do gol de Magrão.
Como o futebol é feito de acontecimentos, às vezes inesperados, em especial tendo Paulo André na zaga, e causalidades, o Furacão, foi um pouco cinza, mais sóbrio do que brilhante no segundo tempo. Sem nenhuma vaidade ou orgulho, postou-se atrás com a consciência de que só restava ao Sport atacar. Com o excelente Diego Souza tornado neutro pela marcação de Otávio e Hernani, o time pernambucano teve a bola, mas não teve espaço para chegar a Weverton.
Quando parecia que o Furacão havia ouvido um toque de recolher, Autuori interviu, viu a língua de Lucho González de fora, trocando-o por Nikão. Era o anúncio dos contra ataques. Mais, ainda, quando Marcos Guilherme entrou. O Atlético, então, voltou a ter o controle da bola, dos espaços e do jogo. Manteve a vitória por dois a zero sem nenhum trauma. O arremate da rodada lhe foi leal, colocando-o no quinto lugar.
Pablo foi o melhor. Seu primeiro tempo foi uma aula de como um jogador pode ser a diferença.