Talvez por ser atleticano, o Papai Noel não quis esperar a noite de natal para dar o presente ao Furacão. No dia 21 de dezembro entregou-lhe o Decreto nº 1343, assinado e publicado pelo ex-prefeito Gustavo Fruet, que dava a forma correta de cessão dos direitos do potencial construtivo a favor da Paraná Fomento. Bem resumido, afastando-se de qualquer técnica jurídica ou administrativa, o governo de Richa recebeu todas as cotas do potencial para liquidar a dívida com a Paraná Fomento, já vencida e executada.
O processo logo será extinto e aí só restará o financiamento do BNDES, que irá exigir parcelas mensais à partir de R$ 500 mil, que para o fluxo de dinheiro do Atlético passa a ser um troco para um clube, que tem um orçamento de R$ 150 milhões.
O advogado Luiz Fernando Pereira foi o grande nome desse processo. Com a sua cultura jurídica e a humildade pessoal, não desprezou nada. Sabe que uma conta de R$ 500 milhões não se resolve imediatamente com decisões judiciais ou ameaças eletrônicas. E quando essa conta pode privar a mais popular instituição esportiva de seu patrimônio, o tempo joga contra.
Aceitou sugestões de alguns atleticanos, mesmo sem importância no processo politico, que foram e continuam sendo destratados por Mario Celso Petraglia. A excelência de seu trabalho jurídico no processo não repercutiria no curto prazo, que o Atlético precisava, ao contrário do que a versão oficial passava para a torcida. O convencimento de que “ninguém irá tirar a Baixada do Atlético”, era um grande delírio. Mais um pouco, esse delírio poderia se transformar na dura realidade de um leilão da Baixada. Se não fosse o doutor Pereira e alguns poucos atleticanos, o império do Furacão iria cair. E nesse processo, Petraglia seria uma espécie de Didi, Mussum e Zacarias, no papel de Calígula, numa versão moderna da queda do império romano.
Incentivo
O Coritiba até que estava se comportando bem nessa reformulação do grupo de jogadores. Com Rildo, Kleber e Neto Berola terá um ataque inteligente e rápido, como quer Carpegiani. O volante Jonas dará a retaguarda que a defesa não tinha. Mas, aí, no dia da apresentação, aparece um rapaz de nome Tiago Real.
Nem entro no mérito da sua falta de recursos, mas no nome em si. Já passou pelo Coritiba e não jogou. Já foi dos pampas aos seringais e não passou de um simples reserva. Essa é a contratação que coloca em dúvida o trabalho de renovação. Se o time demora para acertar o seu jogo, a torcida não irá ver as virtudes de Rildo, mas os defeitos de Real. É a contratação que estraga um trabalho.