Política

O futebol, e entre nós o Coritiba, não permite mais fantasias. Entre os campeões brasileiros, com o Sport do Recife, o time que mais vezes foi rebaixado para a Segunda divisão (1989, 1993, 2005 e 2009). E nos últimos anos não caiu porque foi salvo por um gongo sonorizado no céu.

Há coxas, que usando como referência o Atlético, não se constrangem em dizer que o Coritiba parou no tempo. Se a análise sobre o atual Coritiba for associada ao Furacão, concordo. Mas está errado.
Há 20 anos, o Atlético tinha uma história, a paixão de sua gente e a velha Baixada, que comparada ao Couto Pereira, era um campo de ilusões. De 1995 a 2001, de forma alucinada, pagou as suas dívidas, construiu o CT do Caju e a primeira Arena na Baixada. Depois continuou modernizando o Caju e construiu a segunda Arena. Quero dizer que por esses fatos, o Furacão não serve de referência para analisar o Coritiba e nenhum outro clube do futebol brasileiro. Ninguém realizou tanto como o Atlético Paranaense.
Se o Coritiba parou no tempo, foi em razão da sua política. E, aí, a comparação com o Atlético é inevitável, porque esse serve de exemplo. Em 2002, quando Mário Celso Petraglia quis administrar sozinho o clube, os atleticanos que participaram diretamente da sua construção junto com Petraglia, saíram e não fizeram oposição, voltando a ser apenas torcedores. A atual oposição é recente, formada por uma nova geração atleticana.

A política do Coritiba é rasteira. Os últimos grandes presidentes como Joel Malucelli, Giovani Gionédis e Vilson Ribeiro de Andrade, às vezes, foram impedidos de desenvolver projetos. Dou um exemplo objetivo dessa política: não há clube no Brasil que reúna o Conselho Deliberativo uma vez por mês. As reuniões são eventuais ou extraordinárias, dependendo do assunto. Pois o Coritiba reúne os conselheiros todo o mês. Explica-se a razão das suas crises quase sistemáticas.

Esse assunto me foi provocado pela notícia de que Ernesto Pedroso recebeu poderes para tomar decisões importantes do futebol do clube. Poucos sabem, mas foi Pedroso o grande responsável, fora de campo, pela permanência do Coritiba na Primeira divisão. Foi ele quem trouxe Carpegiani, foi quem acabou com crises de relacionamento antes do jogo com o Atlético Mineiro, que decidiu a vida do clube. Foi quem convenceu Carpegiani a permanecer, é quem tem ambição de correr riscos e ver um grande time em campo.

O Pedroso que volta, é o mesmo que foi eleito vice-presidente, e foi obrigado a renunciar em razão da cultura de intrigas que toca a política do clube.