Bobos apaixonados
O romantismo não resistiu ao futebol. A vitória como a única verdade se associou ao dinheiro como único valor de grandeza, derrotando-o. Se, em 2018, o Júnior Barranquilla acertasse um dos oito pênaltis que perdeu, e o Athletico não ganhasse a Sul Americana, é possível que até hoje não estariam implementadas as mudanças na identidade do Furacão. Mas, a vitória histórica engoliu o romantismo da tradição.
Antigamente, o torcedor chorava lágrimas de tristeza quando um ídolo era vendido e ia embora. Agora, comemora como se fosse uma vitória e chora lágrimas de alegria.
Os atleticanos expõem o orgulho pelos R$115 milhões que o Lyon irá pagar por Bruno Guimarães. Eles não querem nem saber que o dinheiro de Lyon, antes, irá passear pelo paraíso fiscal da Ilha de Malta, e depois de bronzeado, chegará à Curitiba já descascado. O dinheiro engoliu o sentimento pela perda de um ídolo.
Léo Pereira deve ir para o Flamengo e Ronny para o Palmeiras. Entre um e outro, o Athletico deve ganhar mais R$50 milhões. Não pagando a dívida do estádio, deve ter em caixa R$300 milhões. No entanto, quer recompor o time fazendo apostas, que no futebol sempre são incertas, como Marquinhos Gabriel, Carlos Eduardo, Fernando Canesin e Gabriel “Toro” Fernandes.
O último dos românticos do futebol deve se esconder. De repente, irá ser tratado como um “bobo apaixonado”, como Ophélia respondeu a “Carta de amor” à Fernando Pessoa.
Selecoxa
O Coritiba que já tem o goleiro Wilson (37 anos) e o zagueiro Rodholfo (34 anos), agora está interessado em Jadson, que aos 35 anos foi dispensado do Corinthians. Nada contra o jogador veterano. Contraria como regra é uma espécie de discriminação. O que não se pode é correr risco financeiro usando como critério o passado do jogador.
Vejam só o caso de Adriano, do Athletico. Foi contratado em razão do seu histórico na Europa, e em especial, no Barcelona. Só por isso, o Furacão quebrou uma tradição de não pagar, o que está pagando R$250 mil por mês. E, Adriano, desde junho quando chegou, não jogou uma única partida completa, e seu período com o médico é bem maior do que o com treinador.
Em custo e benefício, Wilson compensa no Coritiba, como Lucho Gonzales, compensa no Athletico.