Por ser em meio às finais da Copa do Brasil contra o Internacional, o desabafo de Tiago Nunes teria sido fora de tempo, dizem os atleticanos. Pergunto: há tempo para ser sincero quando os sentimentos são maltratados? Ninguém perguntou a razão da reação de Tiago. Ninguém procurou saber do seu dissabor com atos de Márcio Lara, o grande responsável pelo doping que virou do avesso o CT do Caju. A exteriorização dos sentimentos é um direito indisponível de todo o ser humano, e que pode ser expressado a qualquer momento.
Tiago praticou um “crime” no Athletico de Petraglia: tornado uma figura digna de reverência, é idolatrado pela maior torcida do Paraná. Capaz, tornou-se o maior treinador da nova geração do futebol brasileiro. Obstinado por ganhar, tornou-se a maior referência desse Furacão, que ganhou a Sul-Americana, quem o apresentou aos argentinos com os 3×0 sobre o Boca e o 1×0 sobre o River Plate, quem o comandou no título do Japão, quem recuperou Pablo para ser vendido por R$ 27milhões, quem revelou Renan Lodi para ser vendido por R$ 89 milhões, e quem o carrega para a final da Copa do Brasil.
Ocorre que, nesse Athletico, há uma enorme dificuldade de compreender a idolatria que a torcida pratica por um treinador ou jogador. Não tenho nenhuma dúvida de que Tiago está provocando um desconforto de vaidades no Athletico. Com Geninho, não foi diferente. Há atleticanos que perguntam: por que Tiago deixou para desabafar depois da final? Aí, diriam que foi oportunista.
Se o Athletico perder o título em Porto Alegre, o que será natural e lógico, não culpem Tiago Nunes. O dedo tem que ser apontado para Petraglia, que entrega o maior valor do clube, o futebol, ao pouco aprazível Márcio Lara. Mas, ao contrário do que os atleticanos pensam, essa reação de Tiago repercutirá para o bem entre os jogadores. Não duvido, que o sentimento exposto pelo treinador, é o mesmo do time.