Carneiro Neto, na edição de terça da Tribuna do Paraná impressa, escreveu: “Calma Petraglia, você é grande, mas o Athletico é maior.”
Que me desculpe o querido amigo, há no título e no tema, meia verdade, que se esgota na expressão “o Athletico é maior”. É que há dúvidas quanto a exata dimensão histórica de Mario Celso Petraglia no Athletico. O seu tamanho, ainda, não pode ser medido.
Não me conformo de que as análises que se fazem sobre a atuação de Petraglia no Athletico desprezam dois fatos incontroversos: o primeiro, em 2002, quando Petraglia tomou para si a exclusividade da posse do clube através do “Fica Petraglia”.
O clube, dirigido por um conselho de administração, do qual participava, já era campeão do Brasil, já disputava a Libertadores, já tinha pago todas as dívidas, tinha R$ 25 milhões em caixa, o CT do Caju já construído e pago e a Arena da Baixada construída e paga, precisando de adaptações para atender os encargos da FIFA para a Copa do Mundo. Foi nesse período, de 1995 a 2002, que toda a base foi construída.
E, o segundo fato, é o de por obra exclusiva de Petraglia, sem autorização para tomar emprestado dinheiro para fazer a Baixada, o Athletico ofereceu à penhora o estádio e o CT do Caju, estando condenado judicialmente para pagar à Paraná Fomento R$ 650 milhões, e ao Municipio de Curitiba (desapropriações) R$ 35 milhões. Essa divida só de encargos judiciais, é remunerada em 13% ao mês, e Petraglia não fez nada de prático para furar essa bola de neve.
O argumento de que o Furacão foi enganado pelo Poder Público, (e com o qual concordo), virou conto da carochinha. Não adianta você ter um fato, se você não o transforma em causa para implementar o seu direito. Ao invés de buscar uma decisão judicial (e já a teria) para obrigar ao Municipio e ao Estado a pagarem cada um o seu terço, Petraglia apostou nas influências de gabinetes.
Eu bem sei que a paixão do torcedor não o deixa acreditar que o Furacão irá perder o seu patrimônio. Mas nós cronistas não podemos ignorar ou pulverizar os fatos para analisar um tema. Para dar a exata dimensão de Petraglia na história do Athletico, é preciso que o futuro imediato seja escrito, isto é, que se pague a dívida que indisponibiliza todo patrimônio que a torcida, em quase um século, comprou e pagou.
Se acertar e pagar, será lenda, cujo fundo é amparado pela verdade; do contrário, será mito, em que as realizações são fundadas em mentiras.
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