Ainda criança, lá em Guarapuava, fui apresentado ao Flamengo pelo meu pai, João. Embora sejam bem remotas, conservo as lembranças da primeira vez que ouvi um jogo do “Mais Querido”: foi um amistoso, no Maracanã, contra o invencível Budapest Honvéd, de Puskás. O Flamengo ganhou o jogo por 6×4 e eu ganhei o primeiro ídolo, Evaristo de Macedo, que fui conhecer em 1996, como técnico do Athletico.
Com o tempo fui conhecendo o que significava o Flamengo. Tão grandioso, que já tinha a capacidade de gerar conflitos de sentimentos entre a paixão e o ódio. A paixão, até hoje, muito maior.
Não sabia que o Flamengo estava apenas de passagem na minha vida. É que, em 1968, fui carregado por um “Furacão”, e continua me empurrando, sem dizer onde irei chegar.
O “Mais Querido” passou a ser outro.
E, definitivamente, a minha vida mudou.
River Plate e Flamengo, em Lima, decidem a Copa Libertadores da América. Entre os dois, há severos contrastes. No River, há a força de um projeto controlado pela racionalidade de gastos. Exatamente por ter essa consciência, não se submetendo à pressão do tempo, tornou-se um projeto exemplar de vitórias. No Flamengo, há a força do dinheiro, que tem a capacidade de cortar caminhos e antecipar o futuro, mesmo com o risco de ser uma eventualidade.
No futebol, às vezes, é como na vida.
O dinheiro não compra tudo.
Os coxas
Não foram poucas as vezes que recebi mensagens de censura. Há torcedores do Coritiba que teimam em acreditar que quando uso como referência os coxas, estou ironizando.
Pobre de quem pensa assim. Não sabe de nada. Como soa bem dizer “os coxas ganharam ou coxas perderam”. No futebol brasileiro, são poucas identidades tão forte, como essa “os coxas”. Gosto de usá-la, como valorizo a marca “Furacão” para tratar do Athletico.
A propósito, pergunto: os coxas voltam ou não?