Notas provisórias

1ª A Suíça, a única que se opôs, não perdeu.

E depois, o Brasil, contra Costa Rica, Sérvia e México, não jogou nem mais e nem menos. A evolução foi de fases que o ufanismo confundiu com a evolução do futebol jogado. Um ou outro episódio relevante, como único bom jogo de Neymar contra o México, e todos os grandes jogos de Willian, nada mais.

O exaltado sistema defensivo, ainda, não enfrentou nenhum grande atacante como Cavani, Suarez, Griezmann, Mbappé ou Lukaku. O Brasil jogou igual ao Uruguai e menos do que a França. Bem resumida, a sua campanha de vitórias na Rússia serviu muito mais para recuperar o respeito perdido e equilibrar as emoções, o que não é pouca coisa.

Se, ainda, não aconteceu, ou se está acontecendo, é possível afirmar que o Brasil estreia na Copa do Mundo contra esse enigma, que atende pelo nome de Bélgica.

2ª São poucas as defesas por Neymar. E nenhuma é tão forte para sobrepor a ideia de que busca benefício em situações simuladas. Essa imagem, às vezes, é refletida, sem causa justa. Mas o futebol tem esse poder destrutivo de pregar uma ideia e executá-la como verdade definitiva. Por isso, para um dia ser o melhor do mundo, Neymar terá que fazer bem mais que Cristiano Ronaldo e Messi. Não basta jogar o que joga, que já seria o bastante. Será preciso ganhar sempre.

3ª Escrevo antes de Brasil e Bélgica. O resultado não irá mudar a minha opinião. O treinador Tite, independente do resultado final, não será levado ao sacrifício. Qualquer análise de bom senso deve concluir que já postou o time nos limites individuais e táticos. Agora tenta melhorá-lo com as suas orações emotivas.

Telê Santana entrou para a história como o maior treinador de todos os tempos do futebol brasileiro. No entanto, com ele, o Brasil perdeu duas Copas. O bom senso quando é mais forte que o ufanismo derrotado, ajuda a evitar injustiças.

4ª Escreveu o escritor uruguaio Eduardo Galeano:

“O parto
Ao amanhecer, dona Tota chegou a um hospital no bairro de Lanús. Ela trazia um menino na barriga. No umbral, encontrou uma estrela, na forma de prendedor de cabelos jogada no chão. A estrela brilhava em um lado, e no outro não. Isso acontece com as estrelas, toda vez que caem na terra, e na terra se reviram: em um lado são de prata, e fulgaram esconjurando as noites do mundo; e no outro são só de lata.
Essa estrela de prática e de lata, apertada na mão, acompanhou dona Tota no parto. O recém-nascido foi chamado de Diego Armando Maradona”.