Se Paulo Autuori não fosse um técnico que, mesmo sem querer, se submetesse às táticas mercantis de Petraglia, seria o grande técnico da história do Atlético. Com a sua transparência, cultura, inteligência e capacidade, atributos que compõem um excelente caráter, bem que poderia ter exigido mais da diretoria para conduzir o Atlético ao seu segundo título brasileiro.
Não sei se é pelo comodismo de ganhar bom dinheiro sem responsabilidade de ganhar títulos, não sei porque se encantou com a vida sem problemas no CT do Caju, ou porque foi adotado para a “eternidade” por Petraglia, Autuori se submete à essas táticas.
Fui dominado por esse sentimento vendo o Atlético perder para o Santos, na Vila Belmiro, 2×0. O Furacão jogou certo, porque nessa fase dependia de Autuori. Mas para ganhar precisa jogar bem dentro da forma moldada, deu-se mal, porque passou a depender de Galhardo, Lucho Gonzales, Nicolas, Lucas Fernandes, e depois ter que reverter com Luan e Marcos Guilherme.
Concordo que perder na Vila Belmiro é natural e é lógico. Mas essa derrota, pelas circunstâncias do jogo, deixou de ser natural e contrariou a lógica, porque foi consequência da falta de qualidade desse time de salário mínimo que Autuori carrega nas costas para fazer o papel do patrão. Pior do que Galhardo é Luan. Quando à esses se junta Lucas Fernandes, é um desastre. E aí que é se reclama a atuação de Autuori, porque aceitou esses como reposições de Eduardo, Vinicius e Walter.
Se Autuori continuar – e é o desejo de toda a torcida – ele precisa ser mais Atlético do que Petraglia em 2017. Para ser mais Atlético basta exigir (e é o único com esse poder junto ao dono do clube) um time com a capacidade de ser linear na disputa, tornando o uso da base como simples consequência de um trabalho precedente, e não do trabalho imediato para conquistas.
Retrovisor
Bastou uma rodada e pronto: o Coritiba voltou a ver no retrovisor os últimos colocados. Os resultados do final de semana tornam o jogo com o América Mineiro ainda mais importante. Presume que Carpegiani não vai tomar como referência o jogo em Belgrano em razão da euforia da torcida. As circunstâncias são diferentes, porque na Sul Americana, o Coritiba já não tinha mais o que perder, e no Brasileiro tem tudo a perder, que é a vaga na elite brasileira.
E agora, o retrovisor do Coritiba não está embaçado. Dá para ver bem nítidos Vitória, Internacional, Cruzeiro e em especial o Figueirense.