Quero dizer de imediato que não me impressiona a liderança do Athletico. Esse estágio não será regra, mas um fato de ocasião de tabela. Entre minhas poucas virtudes está a coerência. Quando começou o ano, antes da pandemia, afirmei o fato de que Mario Celso Petraglia tinha razão de que esse 2020 para o Furacão não era ano de investir no futebol. Para dotá-lo de razão e considerando os títulos da Sul- Americana e da Copa do Brasil, presumi que o milionário cartola havia escolhido como prioridade do Furacão a solução da dívida com a Paraná Fomento que torna indisponível todo o seu patrimônio.

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Entre poucos defeitos de Petraglia está a incoerência. Se há um ano em que o Athletico está investindo no futebol é esse de 2020.  Só para resumi-lo, Marquinhos Gabriel, Carlos Eduardo e Richard, somam por mês, próximo de R$ 2 milhões, entre salários, luvas e direitos de vinculo federativo. 

Petraglia não só faz o Athletico investir pesado no futebol, como não resolve a dívida que não disponibiliza todo o seu patrimônio. A pedido do Furacão, com a concordância da Paraná Fomento, o brilhante desembargador Hamilton Mussi Corrêa, da 15ª. Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Paraná, na qualidade de relator do processo, suspendeu-o. O prazo de 4 meses de suspensão terminou no dia 30 de julho, sem que o acordo fosse formalizado e o processo extinto. E, não se atribua à pandemia o motivo, porque os mecanismos virtuais do Tribunal paranaense são os melhores do Judiciário brasileiro.

Como a suspensão pela nova lei processual é dirigida por lei e não pela vontade das partes, o recurso terá que ser julgado. O próprio governo do Estado não pode concordar com nova suspensão. E, julgado o recurso, confirmando-se a sentença que condenou o Athletico a pagar a integralidade da dívida (o que é provável), as condições de transigência dos agentes públicos já não podem mais ser resolvidas em audiências conciliatórias. Passando definitivamente para o campo político, não há ambiente para soluções de gabinetes.

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A torcida, eu sei, e já fui assim, que o que interessa é bola na rede. Para os verdadeiros atleticanos, o que interessa é a liberação do ônus que não disponibiliza todo o patrimônio do Athletico.