Quando o velho Joaquim Américo foi implodido com seus pinheiros e a Baixada começou a ganhar forma e vida de arena, alguns atleticanos, como todos os atleticanos, queriam ver para acreditar.
Então, alguns buscaram pedaços de madeira, outros pregos e martelo, e todos juntos começaram a erguer aquele que se tornou o “Mirante da Baixada”. Para eles, era coisa sagrada: finalzinho de tarde, lá estavam, olhando pelo coração cada movimento dos peões.
Há símbolos cujo poder de influenciar as pessoas é tão forte, que se torna um valor de vida. Pode ser que a matéria que o cria se desintegre, mas, por ter exercido uma influência tão profunda na alma, mantém-se integro nas lembranças e no coração.
Quando foi preciso limpar a obra, a madeira do “Mirante da Baixada” virou cinza. Mas por ter sido construído pelo orgulho de ser atleticano, aqueles atleticanos o mantem íntegro com a confraria “Os Miranteiros”. Por conta do amor ao Athletico, toda terça se reúne.
A terça de ontem foi triste, e talvez, para sempre, não serão as mesmas: os “miranteiros” João Melitão Cagni, o “Militão”, e Nelson Balbinotti, o “Lippi”, morreram afogados no Rio Miranda, no Mato Grosso, onde pescavam. Posso imaginar uma bandeira do Athletico navegando pelo Rio Miranda.
Chorem, jornalistas
Rodrigo Rodrigues, jornalista da SporTV, vítima da covid-19, morreu. A lacuna que abriu no jornalismo pode e irá ser preenchida, por ser necessário. Não somos insubstituíveis. Mas, a lacuna como ser humano, não sei não. Ninguém é capaz de aparentar virtudes, se não as tem. Para tratar Rodrigues, como especial, bastava ver a sua atuação na televisão: sereno, sincero e agradável.
E, já não sei, se a lacuna deixada como jornalista, será tão fácil de ser preenchida. Da linha de Marcelo Barreto e André Rizek, a sua qualidade como âncora prendia o torcedor à frente da televisão.
Choremos, jornalistas.