O treinador Eduardo Barroca, coitado, foi mandado embora do Coritiba. A expressão coitado não é posta no sentido de pena, mas, de instrumento de proteção dos pecados dos cartolas.
Quando o técnico é escolhido pelo critério da exclusão financeira como foi Barroca, o clube é obrigado a ter a consciência de suas limitações. Então, os fracassos no campo deixam de ter como causa imediata essas limitações, mas, a irresponsabilidade dos cartolas em continuar jogando com o casuísmo, que é a escolha por exclusão.
Não se pode analisar a demissão de Barroca fora do contexto geral do Coritiba. É necessário lembrar de que a volta à 1ª. Divisão só ocorreu na última partida, contra um Vitória já acessível pela eliminação. Concluindo de que seria necessário Barroca, afirmo que o treinador era o menor dos problemas.
O maior dos problemas atende pelo nome de Samir Namur, o presidente. E não se diga que o Coritiba de Namur não tinha dinheiro. Poderia não ter recursos para algumas apostas ou excessos normais no futebol. Mas, com os negócios de jogadores, publicidade, sócios e quotas de televisão arrecadou o básico necessário. Pagando o mínimo de dividas, não combateu a fonte do déficit que são os encargos (juros e correção) que remuneram a dívida. Transformando o ex-gerente/empresário Rodrigo Pastana no “seu bem querer”, liberou-o para gastar dinheiro e tempo, esses elementos tão preciosos no futebol. O espólio de “pangarés”, usando a célebre locução de Giovani Gionédis, quando presidente, deixado por Pastana carrega um ônus financeiro caríssimo, e nenhum um bem de qualidade.
Namur não conhece a história do Coritiba. O maior de todos os coxas, Evangelino da Costa Neves, em 1995, teve a humildade de pegar todas as faixas que ganhou, inclusive a de campeão do Brasil, e renunciar. Entendeu que o Coritiba precisava implementar as propostas de Joel Malucelli, Sérgio Prosdócimo e Edson Mauad, para corrigir a rota do grande clube.
Um novo treinador, um novo gerente e, talvez, alguns reforços, “do bom e barato”, não irão resolver esse estado atual. O esgotamento financeiro e estrutural do Coritiba, exige um fato novo. E, dessa vez, não é a mudança do técnico.
E, para isso, basta Namur ter um gesto de grandeza, que é o da humildade. Se não teve a capacidade de ser um campeoníssimo como Evangelino, virtude que ninguém teve, deve adotar o outro exemplo que é amor exteriorizado pela renúncia.