Baixada, Libertadores: Athletico 1×0 Peñarol
No tempo do ideal, eu queria ver o Furacão jogar com os olhos no passado. Por ser o ideal no futebol um estado puro, enganava-me. Com tempo, e em especial, com a fome financeira do sistema, aprendi que a única coisa que ficam são as emoções sentidas.
Bem por isso, no meu preparo para analisar esse jogo, descarreguei todas as imagens do passado, abandonei os personagens recentes, que conquistaram títulos para o Furacão.
É, que, se fosse ao jogo querendo ver Bruno Guimarães em Erick, Lodi em Azevedo, Léo Pereira em Bambu, e Carlos Eduardo em Rony; e, se fosse ao jogo querendo já ver o Athletico de Dorival Junior jogando como o de Tiago Nunes, tudo seria imprestável. E, então, estaria criando um juízo de engano para mim e, em consequência, para o leitor.
Por essa transigência com os fatos, digo-lhes: o Furacão jogou um futebol que, o razoável no seu limite, não poderia exigir mais de um time em estágio de experiência, com um novo técnico, por conta de uma política de restrição financeira, com a qual, aliás, concordo enquanto não se acertar a conta da Baixada.
Afirmo, então, que o Athletico ganhou porque jogou bem. E, afirmo, mais: o seu segundo tempo, quando as suas linhas deram um passo à frente, teve momentos brilhantes. O time sob o comando de Nikão (mais do que bom, é um jogador honesto), amassou o time uruguaio.
E o gol de Bissoli foi o corolário. Não se esgotou no gol em si, embora qualquer gol, de qualquer que fosse o jeito, quando decide, seja o bastante. Mas, o gol como consequência das virtudes inesperadas do time, a transição de jogo, em velocidade, a bola encontrando Nikão pela direita, e Nikão cruzando para a área uruguaia, e, aí, o jovem Bissoli, parecendo ser daqueles que sabe decidir dentro da área, de letra, desviou vencendo o bom goleiro Dawson.
É possível que o torcedor mais exigente queira tornar relativo o bom jogo do Athletico, associando-o à fragilidade do clube histórico de Diego Forlan. Pensei em fazer essa ponderação, mas, concluí que não se pode associar uma coisa a outra. É que se fosse um outro resultado, que não a vitória, também o razoável exigiria analisá-lo dentro das circunstâncias com as quais o Furacão pretende disputar a Libertadores.
Perguntarão: qual o seu futuro na Libertadores?
O futuro foi ontem na Baixada.
É ver um jogo de cada vez, sem maiores ilusões.