O Clube Deportivo Los Millonarios, de Bogotá, que está em Curitiba para jogar com o Atlético pela Libertadores, não é pouca coisa. Fundado em 1937 como Desportivo Municipal, mudou o nome porque um grupo de milionários colombianos assumiu o seu comando e adotaram-o como “coisa de milionário”.

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Em 1949, comandou a criação de uma Liga Pirata, desvinculando-se da FIFA, podendo então contratar grandes craques sem precisar pagar pelo passe. Nesse ano formou o seu time histórico trazendo os meias argentinos Adolfo Perdernera e Nestor Rossi, e o imortal Di Stefáno. Seu maior adversário na Colômbia era o Junior de Barranquilla, cujo o craque era um brasileiro notável: Heleno de Freitas, que já no primeiro jogo contra Los Millonarios e contra Di Stéfano, fez os dois gols da vitória.

Um jovem jornalista, de 23 anos, tinha sido destacado para cobrir o jogo. Heleno e Di Stéfano o transformaram em um torcedor de futebol. De volta à redação, o jovem escreveu a crônica “El Juramento”, e de Heleno de Freitas anotou: “Esse brasileiro poderia ser um romancista criminal soberbo, pelo seu senso de cálculo, seus movimentos calmos de investigador e os resultados rápidos e surpreendentes”. O jovem jornalista atendia pelo nome de Gabriel García Márquez.

O Milionários passou os anos 50 e 60 ganhando tudo. Ou ganhou quase tudo: submeteu-se ao Botafogo de Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo, perdendo por 6×5. Mas algum tempo depois ganhou do Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe por 2×1 no seu El Campín. Com o fim da Liga Pirata, o dinheiro que era de origem desconhecida desapareceu. O espanhol Santiago Bernabeu mandou Di Stefáno ir para Madrid e por lá ficou jogando no Real. Sem o dinheiro dos mecenas, Los Millonarios passou a viver do passado. E vive bem.

Lição

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Não canso de repetir essa história. No tempo que trabalhava no futebol, o gaúcho Otacílio Gonçalves não era só respeitado por ser um grande treinador. Mas, também, por um homem que usava a sua cultura acadêmica e de vida para criar teses e aplicá-las no futebol.

Uma das teses que ganhou vida na prática é a do jogador que não serve mais e fica no clube. Dizia Otacílio aos dirigentes: “Não fiquem com o jogador que não serve mais. Um dia ele vai acabar jogando e vai criar um problema”.

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Lembrei de Otacílio, sabendo que o Coritiba, sem ter outro para a posição, obrigou-se a escalar Edinho e depois João Paulo. E, agora, o Atlético, trazendo de volta Douglas Coutinho.