Talvez, e muito remotamente, seria possível explicar esse Clube Athletico Paranaense, o Furacão. Às vezes, as suas conquistas são tão inexplicáveis, que obrigam recorrer a sugestões bíblicas. Por isso, afirmo, que às vezes, o Furacão parece caminhar sobre as águas. Por ser um simplório analista de futebol, só encontro nesse plano superior, a explicação para o que ocorreu, ontem à noite, na Baixada. O Athletico tornou-se finalista da Copa do Brasil derrotando a história, os números, o poder técnico e o simbolismo do Grêmio Portoalegrense. E, o fez como se fosse tudo natural, como certa vez um Homem fez, lá na Galileia, “andando sobre as águas.”
Precisando ganhar por uma diferença de dois gols do Grêmio, enfrentou os números históricos: jamais os gaúchos, podendo perderem em uma disputa eliminatória por dois gols, perderam. O Furacão, jogando como se fosse o jogo da vida, ganhou: 2×0. E não foi nada por casuísmo, foi por um futebol radiante. Logo de cara, foi marcando com Nikão, em jogada de Bruno Guimarães, desmoronando o Grêmio. É possível afirmar de que o time de Nunes jogava tão bem, que era possível anunciar a sua futura vitória.
O gol de Marco Ruben saiu no início do 2º tempo como corolário dessa superioridade. E, se não ficasse impressionado com a submissão gaúcha, e jogando contra 10 gaúchos (Kannemann foi expulso), teria ganho com bola correndo. Como ensina Santo Agostinho, as conquistas inesquecíveis passam por angústia e sofrimento. Se já não fosse o bastante derrotar os números, a história e o poder técnico dos gaúchos, o Furacão foi obrigado a enfrentar um dos maiores símbolos do futebol brasileiro: a “imortalidade” do Grêmio. Monumental, também, nos pênaltis, derrotou-o: 5 a 4.
Imortal é o Furacão. Bruno Guimarães foi quase divino. E aí, veio Nikão. E vejam só: os jovens Khellven, Bambu e Halter foram brilhantes. Essa coluna é uma homenagem à memória de Miguel “Dudu” Adur.