Não gosto do uso de expressões que atuam como figuras de linguagem. São os chamados clichês. O uso destemperado pode significar de que o autor, por ser limitado, busca neles socorro, e só neles encontra a solução.

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Mas há um que o futebol não dispensa: é o “um divisor de águas”. É quando um determinado fato atua para exercer influência sobre o futuro de um time em uma competição. O resultado de um jogo pode ganhar de imediato ou no futuro a capacidade de ser a referência de forte influência na mudança dos rumos dos acontecimentos.

Para um time que disputa o título ou busca soluções para sair da zona de rebaixamento, há determinados jogos que acabam criando os elementos que constituem esse fato divisor. Um resultado, às vezes, exerce tanto influência nos números do certame e no espírito de jogadores e torcedores, que acabam dando traços fortes do que esperar no futuro.

Nem mesmo com a autoridade da vitória sobre o Flamengo por 3×0, o Atlético conseguiu dividir as suas águas, pois continua entre os quatro da zona de rebaixamento. Não concordo em tornar relativa essa situação, em razão de que o Furacão é credor de dois jogos, contra o Vasco e a Chapecoense. É que o futebol não se submete a hipóteses, e qualquer resultado contra esses dois adversários diretos, para o bem ou para o mal, sujeita-se à condição de jogar, de ganhar, empatar ou perder. Bem por isso, uma análise no futebol sempre tem que ser feita a partir de fatos já consolidados.

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Eis, então, a grande verdade: o Atlético contra o Grêmio, na Baixada, fará um jogo que pode dividir a sua vida no caso de vitória. É que o Grêmio raramente perde, o que sugere seu poder de vitória contra os times que estão envolvidos com a possibilidade de queda. O significado de uma vitória sobre ele, projeta-se, bem além dos três pontos. A sua consequência pode não ter o valor final de imediato, mas na sequência terá.

Vejam só a importância de uma vitória sobre o Grêmio: com 21 pontos, poderá até se sair da ZR, sem precisar usar o crédito que tem dos jogos contra Vasco e Chapecoense.

Todos os lados

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Com um olho no padre e o outro na missa, o Coritiba joga contra o Oeste.

A importância de uma vitória neste jogo não está, de imediato, associada à zona de classificação, mas à fuga da zona do rebaixamento. Os coxas podem pensar que estou insistindo com essa hipótese. E é verdade, mas ela existe e pode se tornar concreta se o time não ganhar do Oeste, que está na mesma situação. E dou-lhes um conselho: preocupem-se com esse perigo. Nós, apaixonados, pensamos que nunca o nosso time será alcançado pela desgraça.