Estou diante de uma maldosa dúvida: o que esperar do Atlético hoje à noitinha, em Buenos Aires, contra o San Lorenzo? Não é uma dúvida de pessimista, mas uma dúvida que surge porque não se sabe onde encontrar a razão. Queria esperar esse jogo com um outro estado de ânimo, na qual a dúvida seria apenas um elemento acessório, por ser natural.
E não era para o torcedor carregar esses sentimentos inseguros para o jogo. Afinal, esse time do Furacão, embora tenha seus desencantos, talvez seja inferior apenas ao milionário Flamengo. E, assim mesmo, fora da Baixada.
Esse foi o maior estrago que provocou a vitória perdida contra a Católica. Aqueles dois gols no final provocam abalos até hoje, mas não há como não desconfiar da deficiência do esquema de proteção de uma defesa fragilizada com Paulo André, um zagueiro cansado, e Sidcley, um lateral assustado. Mas como tomar essas providências, se um setor com Otávio, Lucho, Gedoz e Nikão não tem apetite para marcar?
O Furacão está nas mãos de Autuori.
No aspecto individual é o que tem, nem mais e nem menos do que o San Lorenzo. O que precisa é ser arrumado, mesmo que para isso, seja necessário usar velhas convenções, como a de dar prioridade à marcar e se defender, ficando o gol como casual.
Sentir o imprevisto, às vezes, aumenta a alegria futura.
Reeleição
De uma coisa Rogério Bacellar não pode receber críticas: as finanças do Coritiba parecem em ordem. É a conclusão que se chega com os salários milionários que estão sendo pagos para Kleber, Anderson e Wilson. Um pelo outro, os três estão na faixa média de dois dígitos. E não contratos curtos, mas de no mínimo dois anos, como o de Kleber. E o de Wilson vai até 2020.
É de se presumir que o doutor Bacellar está assumindo esse risco, porque pretende ser candidato à reeleição. Ele, que criticou tanto os contratos longos e caros da diretoria anterior, por ser coerente não iria obrigar o clube a se comprometer com um valor que, com encargos, ficará próximo de 10 milhões de reais só com três jogadores.
E há mais um fato relevante: tratando-se de jogadores já sem mercado comum de negócios, o risco é só do Coritiba. Se o doutor Bacellar fosse o relator da reforma da Previdência, e se as suas intenções humanísticas prevalecessem, os suíços teriam inveja da aposentadoria dos brasileiros.