Culpados e Inocentes

Petraglia reconhece falha do clube de defende o Athletico. Foto: Felipe Rosa

O Athletico reconheceu a sua responsabilidade (não confundir com culpa) por Camacho e Thiago Heleno testarem positivo em exame de doping na Libertadores.

Há erros, no entanto, cuja responsabilização não o tornam menos graves. São aqueles que, originados em um ambiente público, projetam-se, imediatamente, pegando em cheio a parte inocente, provocando-lhe danos, às vezes, irreparáveis.

Pode-se usar qualquer adjetivo para qualificar um jogador. Sendo fraco, pode chamá-lo de ‘perna-de-pau’, sendo pouco lúcido, pode chamá-lo de ‘burro’. Mas, não coloque dúvida sobre a sua honestidade como atleta. E, ainda mais agora, com as redes sociais.

O que aconteceu foi uma sucessão de equívocos, a partir de uma omissão do vice-presidente remunerado Márcio Lara, que comanda o futebol. Já chego lá.

A demissão do nutricionista autoriza um raciocínio baseado em duas premissas para se alcançar uma única conclusão: ou o clube sabia da fórmula e não agiu porque com ela concordava; ou o clube, confiando no nutricionista, entendeu desnecessário investigar a composição da fórmula.

Qualquer uma das premissas, leva a uma única conclusão: o Athletico foi absolutamente negligente. É desnecessária a sindicância que Petraglia mandou abrir. Já se conhecem os culpados: o nutricionista, que fez a fórmula, e o cartola Márcio Lara, que pelo cargo de comando, tinha que fiscalizá-lo ou mandar fiscalizá-lo, e não o fez.

Embora o regulamento da FIFA concentre-se na esfera de atuação do atleta, em razão de que a sua responsabilidade independe de culpa, nunca nega a hipótese de se apurar a atuação do clube ou de pessoas, que de uma forma ou de outra, concorreram para o fato punível. O Athletico não será punido porque, sem nenhum antecedente em 95 anos, responsabilizou-se de uma forma sincera, afastando a condição essencial para a sua punição, que é a má-fé objetiva.

Camacho e Tiago Heleno são as únicas vítimas. Diante do auto responsabilização do Athletico, não será difícil para a defesa demonstrar, como expressa a lei, que ignoravam, não suspeitavam ou não poderiam razoavelmente terem suspeitado, que tinha sido administrada uma substância ou método proibido.

Quer dizer: a tese defensiva dos atletas terá que afirmar que a culpa foi do clube. Então, para evitar, qualquer dúvida, Márcio Lara teria que ter o mesmo destino do nutricionista. Tem que ser demitido do futebol.