Não me surpreende o gesto de Mário Celso Petraglia de diminuir o valor do ingresso para os últimos jogos do Atlético na Baixada. O senhor do Atlético é sempre assim: quando precisa, renuncia e transige com seus métodos. Então, surge um homem com tamanha sensibilidade, que se submete às classes sociais de baixa renda. Um desses princípios que renuncia é o clássico “futebol não é para pobre”.

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O grande poeta uruguaio Mario Benedetti, voltando do exílio, foi ao Centenário ver o seu Nacional jogar. Triste escreveu: “um estádio vazio é o esqueleto de uma multidão”. Nessa esteira, José Samago, o grande produtor de cinema espanhol, que escrevendo sobre futebol faz de um gol de Messi uma obra de literatura, vai além: “O dinheiro não pode excluir os torcedores. Eles são o sustento espiritual de cada clube, remetem ao futebol como objeto da paixão, não de consumo. Futebol que não é sentido não é futebol”.

Talvez esse gesto de Petraglia, em permitir o acesso dos mais pobres à Baixada, seja uma revisão de princípios e conceitos. Quando fazemos algumas revisões à certa altura da vida, tornamo-nos mais sensíveis. A queda da média de público na Baixada e o aumento de inadimplentes do quadro de sócios contradizem com esse que está sendo um ano bondoso dentro de campo, que pode não render uma vaga na Libertadores, mas rendeu um título estadual e agora está rendendo grandes ilusões. E Nelson Rodrigues escreveu certa vez: “o homem sem ilusão está morto”.

Mário Celso Petraglia como o senhorio da Baixada fez o seu papel. Surpreendente, mas fez. O Atlético baixou o valor do preço dos ingressos. Resta agora o atleticano cumprir o seu. Assim dará a prova definitiva de que o clube não lota só com sócios a Baixada, em razão de que o projeto que o clube executa para ter sócio, estrangula qualquer orçamento familiar.

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Sábado, todos os caminhos de Curitiba levam à Baixada.

O coração é o GPS.

Paraná

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O Paraná passou a semana anunciando como “decisão” o jogo de amanhã na Vila, contra o Bragantino. É que vitória é mais graduada que uma derrota. A vitória irá resolver a sua vida, mantendo-o na Segundona. A derrota vai dar traços mais fortes ao rebaixamento. E a terceira divisão será o fim.

A questão é: como um time de pouca qualidade individual e tática, deve jogar uma “decisão”? É aí que se reclama o espírito de ideal de cada jogador. Se não tem ideal pela camisa que veste, tem que ter pela profissão. Esse é daqueles jogos que o atleta tem jogar por quem o espera em casa depois do jogo.