O número que representa 100% só caracteriza unanimidade em razão de que a matemática não é flexível. Mas, há ocasiões em que os números não reclamam uma análise fria, permitindo que esse conceito seja interpretado. Isso ocorre no futebol, quando se busca uma solução a partir do sentimento de arquibancada.
O estatuto ou se cumpre ou se altera, sempre pela vontade da torcida, representada pelos sócios. Quando 88% dos sócios do Coritiba, respondendo a consulta, exigem que as eleições para a presidência sejam no período estatutário (dezembro), provocam a exceção do conceito de unânime.
Se essa é a base legal que buscou para decidir, o Conselho Deliberativo não tem outra alternativa a não ser a marcar a primeira quinzena de dezembro para as próximas eleições. Do contrário, violando a lei (estatuto), haverá causa para que a escolha do novo presidente seja objeto de litigio judicial, e terá feito 88% dos sócios de bobos.
O fato mais relevante da decisão está na interioridade da manifestação da vontade da torcida, e não na formalidade dos números. Ao exigir que se respeite o estatuto, os coxas estão exigindo mudanças imediatas. E não mudanças apenas de homens e de nomes, mas de propósitos e de ideias, que busquem e encontrem soluções definitivas para o clube. O recado não é apenas para Namur, mas, também, para o próprio Conselho Deliberativo.
O Coxa teve que usar de toda a sua grandeza para sobreviver a Rogério Bacellar e a Samir Namur. Mas a história sustenta a grandeza até um certo ponto. Ao sofrer desaforo, vai embora, como a do Cruzeiro. A própria torcida que colaborou com essas apostas populistas, agora, entende que as coisas precisam ser mudadas já a partir de dezembro.
E esse Conselho Deliberativo, que como os outros passados, concorreu para estado de pré insolvência, deve fazer, também, essa interpretação e marcar a eleição.
E, aí, a torcida já sabe que nessa eleição não pode errar.