Um dia desses, o Brasil perdeu Wilson das Neves, um dos maiores músicos da sua história. Era tão criativo com qualquer instrumento que os americanos lhe ofereceram dólares e a noite de Nova York. Por não aceitar, provocou a pergunta de Tom Jobim: por que não vai? Respondeu perguntando: “Lá tem Flamengo?”. E vejam bem. Era uma época em que o povo adotava a Seleção Brasileira na identidade de Nelson Rodrigues: “a Pátria de chuteiras”.

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O leitor que investigue os seus sentimentos. Irá concluir que por mais patriotismo que em um dado momento a Seleção Brasileira nos provocou, nunca sobrepôs o nosso clube de coração.

Não me lembro da última vez que vibrei por uma vitória do Brasil. Só lembro a última que lamentei, que foi para a Italia, no Sarriá, em Barcelona, em 1982. Passado tanto lembro, já não tenho mais certeza se o lamento foi pela perda do Brasil ou pela injustiça que o futebol praticou contra Telê Santana e a maravilhosa seleção que Zico, Sócrates, Falcão e Leandro formaram.

Provoco essas lembranças para perguntar ao leitor: não está sentindo um vazio sem o seu time de coração jogando? Nem a derrota justifica essa ausência de 15 dias. E essa provoca mais, porque já não temos mais “a Pátria de Chuteiras”. A Seleção Brasileira permanece atraindo em razão do ufanismo forçado pelo interesse comercial da televisão, mas não pelos sentimentos que provoca como identidade cultural do povo. É isso, porque não há um único ídolo, só celebridades.

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Mas sempre há uma compensação para as ausências na vida.

E nós, por essas bandas, vamos compensar e ter lucro: domingo tem Atletiba.

Autoridade

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O Paraná pode até não ascender à Série A do Brasileiro, como não foi à final da Primeira Liga perdendo para o Atlético-MG (1×0). Mas tudo justifica quando um ato da diretoria é para preservar a instituição e a autoridade do dirigente.

A diretoria do Paraná agiu como a situação exigia. Independente das consequências técnicas, não haveria justificativa para manter Lisca no comando do time depois do seu comportamento violento, irresponsável e doentio.

São atos como esses que estão recuperando o orgulho do Paraná como um clube de tradição.