No passado, os fatores campo e torcida eram tratados, em tese, como a solução definitiva de um jogo. Se, em regra, eram submetidos às condições técnicas e individuais, era o recurso dos mais fracos para buscar o equilíbrio. Às vezes, a vitória.
Quando o futebol passou a ser explicado pela ocupação de espaços, para um bom time esses fatores passaram a ser decisivos, não mais em tese, mas como regra.
Bem próximos, Athletico e Coritiba são recentes exemplos.
O momento decisivo para o Furacão ganhar a Copa do Brasil não foi a final com o Inter. Nessa, a solução esteve nos fatores técnico e individual.
A solução foi dada na Baixada, naquela reação contra o Grêmio tratada, inclusive, por aqui, como improvável. Entendo que isso só foi possível em razão da influência da torcida rubro-negra.
Não me convenço de que o Coritiba voltou ao Brasileirão porque teve condições técnicas e individuais. Só voltou porque subsidiou o valor do ingresso (e no que fez bem) para fazer a torcida suprir as deficiências do time.
O leitor deve estar perguntando: qual a razão de se tratar de um tema que é muito próprio para mesa de bar?
Respondo: a discussão sobre os fatores campo e torcida, e essa, em especial, deve se incorporar com toda a intensidade, quando o futebol voltar a ser jogado.
É que as patologias do Covid-19 irão eliminar por um bom tempo o fator torcida. Se a resistência para a voltar do futebol é para preservar os profissionais de campo, será muito maior em relação à torcida.
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A certeza de que os 40 mil torcedores, em Milão, no jogo Atalanta x Valência, concorreram para transmitir o vírus na Itália, tornou-se referência de resistência para que a torcida volte aos estádios. E, no Brasil, a volta da torcida terá, ainda, mais resistência, em razão de que a peste chegou depois.
Considerando que a ocupação de espaços por esquemas táticos, o fator campo foi tornado relativo, restou a influência da torcida.
Sem torcida, não haverá a superação das limitações naturais. A solução do jogo exigirá qualidade técnica e individual.
O Covid-19 vai devolver ao futebol a lógica pela qual ganha o melhor.