Deu no Blog do Paulinho: “Policia Federal investiga suposto esquema para lavar dinheiro de Mário Celso Petraglia”. Paulinho é um jornalista investigativo. Denunciando fatos e pessoas ligadas ao futebol, sustenta o blog com 40 mil acessos. Ninguém mantém tantos acessos sem ter fontes com crédito.
O fato da notícia é verdadeiro: os inquéritos 0251/2010-4 e 0002267-93.2010.4004.7000/PR, da Polícia Federal, centram a investigação em indícios de que Mário Celso Petraglia teria se beneficiado com lavagem de dinheiro. Tornado público, o fato tem que ser repercutido por aqui por ser Petraglia o comandante do clube de maior torcida do Paraná há 21 anos.
A análise não se esgota no fato (investigações) em si. Há outras questões importantes. Destaco duas: os inquéritos investigam qual período da vida de Petraglia e, se a origem do dinheiro supostamente lavado saiu de negócios do Atlético?
O ano de 2010, que identifica os números dos processos, em tese, afasta a ideia de que a investigação alcança o dinheiro público usado na construção da Baixada. Em tese, porque a autoridade policial, de ofício, tem poderes para incluir causa superveniente, que venha a ser descoberta durante a investigação.
Se o período é anterior ao ano de 2010, e sendo certo de que Mário Celso Petraglia desde 1995 limita as suas atividades empresariais no futebol, é possível e até razoável associar a causa da investigação a sua atuação nos negócios do Clube Atlético Paranaense.
Mas, também, as investigações podem ter como causa fatos anteriores a 1995, quando Petraglia era um dos principais acionistas e diretor financeiro da INEPAR.
Mas, pode ser que as causas tenham origem antes e depois de 1995.
A dúvida sobre a causa do fato é irrelevante, porque esse tornado público repercute em cheio no Furacão. O próprio Petraglia, um dia desses falou, que “está cansado de provar que é honesto”. Com esse desabafo provou que ele próprio se sente desconfortável com essa sua imagem moldada pelo povo.
Agora exposto por uma ocorrência policial perdeu definitivamente o crédito, pois o futebol, ainda preservando a sua natureza passional, é dependente de uma relação de confiança entre torcida e dirigente. E no caso há uma agravante: a CAP S/A da qual o Atlético é o principal acionista, está negociando com o poder público, um acordo para compor a dívida da construção da Baixada. O presidente da CAP S/A é Mário Celso Petraglia. O agente público ficará em desconforto para negociar. O problema repercute, portanto, diretamente no Furacão.
Mário Celso Petraglia, como sempre, deve se defender desmoralizando a notícia e o jornalista. Deveria era reunir a imprensa, esclarecer as causas do inquérito e se afastar dos seus cargos do clube e da CAP S/A. O argumento do sigilo dos inquéritos esvaziou-se. O sigilo, agora, é contra o interesse do investigado por ser uma pessoa pública e que trabalha com dinheiro do Atlético. Petraglia precisa esclarecer até para poder ser defendido pelos atleticanos.