Recluso em um canto no Litoral, senti que alguns dos nossos medos, às vezes, são mais perigosos que o vírus. Isolado por uma chuva empurrada por um vento de cento e poucos quilômetros por hora, fui convencido do quanto o ser humano é frágil.
Sem luz, e por isso sem nada, fiquei ao amparo de uma alma que me protege há 45 anos. As mensagens que entravam nos pequenos picos de luz, da morte do Desembargador Rabelo ao internamento do presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, pareciam ter saído da visão do Apóstolo João, que aprendemos pelo nome de Apocalipse.
As saudades que todos os dias busco diminuir com o facetime, ficaram nas lembranças de uma quadrinha popular, bem simplesinha, de Fernando Pessoa: “Depois do dia vem noite/Depois da noite vem dia/E depois de ter saudades/Vêm as saudades que havia”.
O que é importante não significa, necessariamente, ser essencial. Por ter sido obrigado a ser submisso a esse conceito, o futebol já estava resignado. Então, é possível afirmar, que será o segmento empresarial menos afetado pela intervenção do governo Ratinho Junior para tentar acabar com a festa da flexibilização incentivada pelos decretos municipais. O que ocorre em Curitiba e na maioria dos municípios, tem que ir para a conta dos prefeitos. Em especial, aqueles que são candidatos à reeleição.
Os clubes paranaenses mostraram compreensão por omissão. Agora, deveriam exteriorizar essa compreensão por um ato: serem solidários ao governo Ratinho Junior, exigindo da Federação Paranaense de Futebol o término do Estadual. Não há mais espaço físico e ambiente para jogarem em julho. E, a partir de agosto, tem coisa mais importante: o Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Se será declarado um campeão ou não, é irrelevante. Com essa providência, os clubes terão todo benefício financeiro, pois irão evitar gastos, e nenhum prejuízo.
Depois do Vendaval, é um filme de John Ford, com John Wayne que meus pais João e Adelaide sempre falavam. Não trata de uma crise do clima, mas, uma crise de sentimentos ambientada em comédia. Um vendaval pode nos alcançar das mais diversas maneiras. Mas, no final, por mais forte que seja, traz uma ponte de esperança. Daí, ser sempre seguido do Sol.