Em período de campanhas eleitorais, ouvimos muitas promessas e planos envolvendo saúde, educação, geração de empregos e transporte. Mas dentre esses, qual o maior desafio imposto aos gestores públicos municipais? Diria que não é nenhum deles, mas sim uma questão transversal que afeta a todos estes temas: o meio ambiente.
Os eventos climáticos extremos cada vez mais comuns (como a crise hídrica, secas, chuvas torrenciais, ventos fortes) afetam os setores da economia, o bem-estar da população e todos os principais temas comuns das campanhas eleitorais. As ameaças ambientais já dominam os cinco maiores riscos no longo prazo para a economia e, consequentemente, aos negócios e à sociedade, segundo o Relatório de Riscos Globais lançado em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial. Reverter esta situação exige ações assertivas e um olhar apurado para o futuro. Com isso, cabe aos gestores públicos guiar a cidade de maneira precisa e transformar os atuais desafios em oportunidades.
É necessário se reinventar e buscar soluções ousadas e que tragam respostas de impacto aos desafios locais e globais, demonstrando resiliência e inovação.
Considerando estas questões, um grupo de instituições e cidadãos elaborou um manifesto com “Contribuições para o Plano de Governo dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba – Mudanças Climáticas, Nova Economia e Conservação da Natureza”. O documento traz um compilado com tendências crescentes a serem consideradas nos planos de governo dos candidatos nas eleições de 2020. Sugeridas por meio de cinco eixos estruturantes, as ações propostas estão alinhadas com o desenho de uma nova economia e o combate às mudanças climáticas, o maior desafio a ser enfrentado pela humanidade.
Os eixos que estruturam esta proposta são: (i) integração entre os municípios a partir de políticas públicas conjuntas; (ii) garantia de resiliência às cidades por meio de infraestrutura verde; (iii) promoção de mecanismos inovadores que promovam a participação e a parceria com a iniciativa privada; (iv) otimização de boas ações já em desenvolvimento; e, (v) realização de práticas conservacionistas e de manejo das áreas naturais já existentes.
Não se trata de uma lista de atividades, mas sim uma forma de demonstrar oportunidades e de munir os futuros gestores com possibilidades crescentes que vêm surgindo, por conta destes dois temas. Tornar o meio ambiente e a sustentabilidade um tema transversal na estratégia de desenvolvimento cria caminhos adicionais para atrair recursos e investimentos, muitas vezes escassos e para fortalecer parcerias que podem alavancar ações de impacto. As práticas abordadas no manifesto são apenas a base para criar e fortalecer políticas públicas alinhadas com as necessidades e desafios emergentes nos próximos anos, algo que requer planejamento e inovação de maneira a permitir e ampliar a segurança, o crescimento econômico e o bem-estar social.
Os candidatos que demonstrarem preocupação e responsabilidade com a causa podem firmar seu compromisso público. E, o mais interessante, é que o manifesto é aberto a qualquer empresa, grupo organizado ou pessoa que compartilhe das ideias propostas e que queira aderir e endossar os temas propostos, ampliando o papel de participação social na construção e políticas públicas.
O documento, bem como a lista completa de pessoas, instituições e candidatos que aderiram está disponível no link a seguir: “Contribuições para o Plano de Governo dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba – Mudanças Climáticas, Nova Economia e Conservação da Natureza.
Por Nicholas Kaminski, biólogo e coordenador do Programa Condomínio da Biodiversidade (ConBio) da SPVS e Marina Pranke Cioato, assistente de comunicação da SPVS.