Era uma vez um carpinteiro, homem bom e santo, chamado José, casado com uma bela moça, Maria, de olhos doces como seu nome. Pobres eles eram, vivendo do fruto do trabalho humilde do chefe da casa; mas ricos eram na felicidade, pois o casal vivia em harmonia, num lugar qualquer de um país qualquer, que não interessa agora à nossa história. Tão pobres eram, que nunca tinham ido à escola; e embora não tiveram religião, não conhecessem mesmo qualquer religião, viviam bem com a paz que dá uma consciência limpa e um trabalho honesto.
Era dezembro. Para eles, era como se fosse janeiro ou agosto. Nunca tinham ouvido falar em Natal. Maria esperava o nascimento do primeiro filho. Não tinha enxoval preparado, apenas uns paninhos que serviriam para cobrir o bebê e nem era preciso mais, pois em sua terra fazia calor.
E foi o calor que levou a moça Maria a pedir ao marido que ficassem naquela noite no galpão onde eram recolhidos os animais: dormir na palha, olhando as estrelas, ver nascer um novo dia, seria tão bom!
E foi o calor que acolheu o menino que nasceu naquela noite e foi saudado com o mugir da vaquinha e o balido dos cordeiros e foi envolvido em panos de brancura imaculada. Nem Maria, nem José, ninguém, reparou que naquela mesma noite uma nova estrela passou a brilhar no céu, anunciando um milagre. Sim, pois se numa noite qualquer, nas terras de Jerusalém, o nascimento de um menino foi o Milagre Maior, o Milagre da Natividade, o Natal que todos comemorarmos, o nascimento de um menino, qualquer menino, é sempre um milagre, principalmente se ele é fruto do amor. Mesmo que seja o amor de um carpinteiro muito pobre chamado José, homem santo e bom, por uma bela moça, Maria, de olhos doces como seu nome.
Por Rosy de Sá Cardoso