Falta de tempo? Delegue tarefas

Falta de tempo? Delegue tarefas

Aos que me perguntam onde encontrei tempo para escrever 22 livros na carreira, respondo ter me ocupado durante as crises de 1981 a 1983, 1990 e 1991, 2001 e 2002, 2009, etc., etc., ou seja, é nos vales que se prepara o fôlego para superar os picos da economia.

Há 3 anos, soltei o balde num processo de delegação. Já pensando em um processo de sucessão, sucessão empresarial, que é entendida como o rito de transferência do poder e do capital entre a atual geração dirigente e a que virá dirigir, situação pela qual todas as empresas que perdurem irão um dia passar.

Isso é uma discussão que todos evitam, mas que precisa em um momento ou outro ser enfrentada.
No começo você vai soltando o sarilho aos poucos, mas num dado momento o peso do balde ganha rumo e velocidade até encontrar a água, quando então você vira o balde e enche com água até a boca.

Você vai puxando devagar sem movimentos bruscos para não perder a água e nem que se esbarre na parede do poço. Não adianta ter pressa, pois o balde baterá nas laterais do poço e contaminará a água ou enroscará fazendo a corda romper-se.

Ou seja, por mais simples que seja o processo, qualquer erro pode ser fatal. Mas temos que lembrar que teoricamente, a sucessão empresarial divide-se em dois grupos: sucessão corporativa e sucessão em empresa familiar.

Seja através de um profissional ou herdeiro de família, as empresas além das turbulências de mercado, crises econômicas, processos de reestruturação e reorganização, também devem voltar sua energia e de seus gestores para a questão sucessória, já que esta pode se tornar um elemento facilitador ou dificultador para o processo de inovação, que é cada vez mais crucial para o sucesso empresarial.

Da mesma forma, o processo que antecede a sucessão, que é a delegação, é extremamente delicado. É um processo lento o de passar o bastão e se o bastão cair, perdem todos. Requer persistência para que a pessoa assuma e possa até melhorar o processo e não pura e simplesmente aceita-lo pelo método GA – “Goela Abaixo”.

O mais importante componente do processo de delegação é o contínuo feedback. O acompanhamento, o estar junto para que num primeiro momento não pareça uma tarefa demasiada para quem está assumindo.

Delegação não é abdicar-se, jogar por cima do muro – “toma que o filho é seu”. Mas um processo conjunto, quase que de cumplicidade, incluindo o fato de que quem receberá as funções da delegação poderá não estar de acordo em aceitá-la, devendo honestamente falar com seu superior imediato, com a esperança de que essa negativa não crie embaraços, principalmente, nestes tempos atuais de crise.

A delegação deve ser vista como um processo de aprendizagem rumo a uma sucessão. Aliás, quanto mais os processos de delegação são aceitos e executados, mais o sucessor ganha com louvor seu posto na corporação independente do estatuto da sociedade. Existirão os sucessores de fato, legal, heranças e os sucessores que ganharão os postos sem nenhuma imposição – ou seja, por naturalidade, aqueles que arduamente conquistarão os postos com esforço e trabalho, os líderes.

Reinaldo A. Moura é engenheiro e fundador do Grupo IMAM entidade dedicada ao treinamento, publicações e consultoria.

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