Por Carlos Nadalim
Muitos pais se preocupam em saber se existe uma idade ideal para a alfabetização e como isso influencia o rendimento dos filhos na escola. Pedagogos e especialistas da área divergem quanto ao tempo certo para iniciar o processo. Alguns dizem que a idade ideal é por volta dos 7 anos, pois crianças menores ainda não têm maturidade. Outros, por sua vez, acreditam que começar a alfabetizar antes disso pode ser benéfico, contanto que se empregue um método eficaz.
Na Finlândia, pesquisadores realizaram uma investigação ao longo de 18 anos, acompanhando 3 grupos de crianças que corriam o risco de se tornarem disléxicas. Eles observaram que no grupo de crianças que se tornaram disléxicas aos 7 anos, todas apresentavam, dos 3 anos e meio aos 5, um baixo desempenho sobretudo em atividades de consciência fonológica e conhecimento de letras.
As crianças do grupo que não atingiu sucesso em leitura aos 7 anos também tinham um baixo desempenho em atividades de consciência fonológica. Já aquelas que tiveram um alto desempenho em leitura aos 7 anos eram as mesmas que, entre os 3 anos e meio e os 5, tiveram um bom rendimento em atividades de consciência fonológica, conhecimento de letras, linguagem receptiva e linguagem expressiva. Nesse caso, é possível perceber a diferença no grupo de crianças que tiveram estímulos mais cedo.
Na escola onde leciono alterei o programa de pré-alfabetização a fim de preparar as crianças para o momento da alfabetização e, consequentemente, aumentarem o desempenho em leitura e escrita nos anos seguintes.
Há quem acredite que a alfabetização é um processo torturante, em que a criança é obrigada a fazer cópias e aprender combinações de sons. Contudo, ela pode ser bastante prazerosa para os pequenos. No âmbito das abordagens fônicas, por exemplo, podem ser aplicadas diversas atividades extremamente lúdicas.
Ao aprender e adquirir habilidades, a criança começa a ficar mais empolgada. Além disso, os pais ficam mais contentes com as pequenas conquistas do filho, pois não imaginavam que o pequeno fosse capaz de fazer tantas coisas com apenas 3 ou 4 anos.
Portanto, não é preciso esperar tanto para estimular os filhos a ler e a escrever. O processo pode ser iniciado mais cedo com a leitura em voz alta, jogos e brincadeiras simples, que promovem a aquisição de habilidades fundamentais para um bom desempenho em leitura e escrita. A realização de tais atividades pode ser uma forma de divertimento para as crianças, além de proporcionar-lhes uma melhora da memória fonológica.
Quando a criança aprende a ler e adquire fluência na leitura, naturalmente seu desejo por esta tende a aumentar. Por isso, ao procurar uma escola para seu filho, busque uma que atenda às demandas dele e leve em consideração suas capacidades. Não deixe que a escola o desestimule ou faça-lhe perder o gosto pela leitura.
Carlos Nadalim é professor e coordenador pedagógico e organizador do blog Como Educar seus Filhos.