Estudo comprova diferenças entre o frango caipira e o de granja

Bom dia amigo leitor. Quem acompanha minha coluna sabe que por diversas vezes toquei no tema da diferença entre o frango caipira e o de granja. E esse é um assunto tão relevante, que foi motivo de um estudo feito pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP. Abaixo reproduzirei na íntegra as informações disponibilizadas pelo próprio órgão para a imprensa:

Existem inúmeras diferenças entre os frangos criados em sistemas intensivos, popularmente conhecidos como frangos de granja, que são produzidos em escala comercial, e o chamado frango caipira, aquele criado em áreas mais amplas que possibilitem ao animal “ciscar no terreiro”. Porém, após o abate da ave, essas diferenças desaparecem e o consumidor nunca sabe o que está consumindo.

“Normalmente, comemos frangos produzidos em granja, criados em sistema de confinamento, no qual a ave cresce e engorda rapidamente, com uma dieta à base de milho e soja. Vivem 40 dias numa gaiola, praticamente não andam e só comem”, explica o professor Luiz Antônio Martinelli, do Cena.

Já o frango caipira, que tem sido às vezes erroneamente confundido com o frango orgânico, possui um modo de vida mais saudável. “Para cada ave são três metros quadrados, ou seja, há mais espaço para o frango pastar. Com isso, ele tem à sua disposição muito verde para comer, tendo acesso a restos de frutas, insetos e minhocas. Enfim, ele tem uma alimentação muito mais variada”, explica Vicente José Maria Savino, professor do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.

Essa diferença na alimentação do frango caipira e do frango de granja fez com que esses professores, investigassem se por meio do uso de isótopos estáveis dos elementos químicos carbono e nitrogênio, seria possível distinguir, após o abate, o frango caipira do frango de granja. Para testar essa hipótese os pesquisadores determinaram a composição isotópica de frangos caipiras e frangos de granja adquiridos em estabelecimentos comerciais.

As conclusões que os pesquisadores chegaram foram que a composição isotópica dos frangos caipiras foi totalmente distinta dos frangos de granja adquiridos no comércio, que aparentemente não apresentam diferenças significativas entre si.

Esses resultados encorajaram os pesquisadores a propor que esse a método é viável para distinguir o frango caipira do frango de granja. “O fato de o frango caipira ter espaço para andar e ciscar, variando assim sua alimentação, acaba influenciando na qualidade de sua carne, composição e integridade de suas proteínas e a metodologia isotópica permite detectar essas diferenças”, conclui Martinelli.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cena – USP.