Seu gato sobe nos móveis e arranha seu sofá? Entenda mais sobre isso

Foto: Arquivo PEssoal

Conversamos com a bióloga Marielle Hutner, que é especialista em felinos, para que a gente possa entender melhor o comportamento dos gatinhos.

Dentre os diversos cuidados com nossos gatos, a atenção com o seu comportamento se faz essencial na busca pela qualidade de vida, saúde e longevidade dos bichanos. Por possuírem comportamentos naturais peculiares, muitas vezes os gatos são incompreendidos e suas necessidades não são atendidas como deveriam.

Comportamentos como os de subir nos móveis e arranhar estofados, por exemplo, são queixas comuns entre os tutores que não compreendem a necessidade que o gato tem, como uma espécie semi-arborícola, de procurar lugares altos para se colocar em uma posição de controle e segurança; ou ainda, que nunca ouviram falar da importância que o ato de arranhar tem tanto para a manutenção das unhas quanto como um comportamento social, ao marcar locais com as marcas de arranhadura e com os feromônios interdigitais.

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Ah, e os feromônios! Outra forma de comunicação super relevante e intra-específica, ou seja, que só acontece entre membros da mesma espécie, podendo dificultar ainda mais a compreensão para nós, humanos.

São muitos “detalhes” importantes a serem observados na convivência com os gatos. Entender a sua linguagem corporal, distinguir comportamentos anormais de comportamentos (naturais) incômodos – e saber como direcioná-los corretamente – , manter uma boa convivência entre os gatos da mesma casa e ter uma rotina de interação que atenda às necessidades dos felinos são alguns dos desafios que os tutores podem se deparar.

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Felizmente existem profissionais especializados em fazer esse tipo de atendimento e orientação para as famílias dos tutores de gatos: os consultores comportamentais.

Os consultores comportamentais (também chamados comportamentalistas) de gatos são profissionais com conhecimento em comportamento felino, seja através de sua graduação e especialização (biólogos com foco em etologia, médicos veterinários comportamentalistas, pós-graduados em comportamento, etc) ou através de cursos e formações específicas para o trabalho.

Por não ser uma profissão regulamentada, é preciso sempre buscar referências do trabalho do profissional, seu embasamento (científico) e metodologia – que deve ser sempre positiva, com foco em bem estar e sem uso de punições.

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O consultor comportamental irá avaliar de maneira multifatorial tudo aquilo que faz parte da vida do felino: sua família, seu ambiente, rotina, relacionamentos, histórico e perfil comportamental. A partir dessa anamnese, que é resumidamente uma entrevista com o tutor sobre esses diversos pontos, o consultor será capaz de traçar uma estratégia de acordo com a queixa ou desejo do tutor.

Também é possível, e fortemente recomendado, que consultorias preventivas aconteçam. Essas são ainda mais relevantes para os tutores de primeira viagem, ao adaptar um novo gatinho, em casos de mudança, viagens, para ajustar o ambiente do gato e melhorar sua qualidade de vida, etc.

É muito comum que o comportamentalista seja chamado de “adestrador de gatos”. Apesar do termo não estar totalmente errado (principalmente quando a estratégia envolve ensinar ou condicionar o gato), acaba dando a entender que somente o gato será envolvido nesse planejamento, quando, na verdade, a maior parte do trabalho envolve a família do felino. Independente do caso, o envolvimento dos tutores é crucial para o sucesso do trabalho.

Por exemplo: num trabalho de acompanhamento, o tutor executa as medidas, alterações e exercícios propostos na consultoria e reporta ao comportamentalista as respostas dos gatos. Este, então, orienta sobre a necessidade de algum ajuste ou não. Dessa forma, não é possível que o trabalho tenha uma continuidade sem que a família se envolva em cada etapa do processo.

Em resumo, o comportamentalista pode atuar de maneira preventiva, ajudando a compreender o gato e atender às suas necessidades; planejando melhorias no ambiente e rotina e assim prevenindo doenças que podem ser desencadeadas ou agravadas por estresse e um ambiente sem estímulos; antecipando situações de adaptação de um novo gato ou mudanças e viagens minimizando o estresse e trazendo soluções de manejo adequado dentro da rotina dos tutores.

Também atua na solução de comportamentos inadequados como agressão entre gatos ou com pessoas, eliminações fora da caixa de areia, comportamentos compulsivos, entre outros. Independente do caso, nenhum tutor sai de uma consultoria comportamental sem uma informação nova e relevante sobre o seu gato, e os gatos só têm a ganhar com isso.

Marielle Hütner é Bióloga formada e pós-graduada pela PUCPR, especializada em Avaliação do Comportamento e sua Aplicação no Bem Estar Animal e atua com comportamento há 10 anos. Desde 2015 é consultora comportamental de gatos, auxiliando famílias a compreender seus felinos de estimação e melhorar sua qualidade de vida e bem estar. Se dedica também na formação de novos profissionais com ênfase em comportamento felino através de cursos, palestras e treinamentos.

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