Você não precisa ser vegano ou vegetariano para ser contra essa prática atroz de exportação de gado vivo, apenas ter sensibilidade.

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A exportação de gado vivo pelo Brasil é uma prática que tem gerado intensos debates e preocupações em diversos setores da sociedade. Embora possa parecer uma oportunidade econômica interessante, essa atividade apresenta sérias implicações éticas, ambientais e de bem-estar animal que não podem ser ignoradas.

A exportação ocorre por meio do transporte marítimo para diversos países, principalmente para o Egito, Iraque, Líbano, Turquia e Arábia Saudita, que fazem essa importação por motivos religiosos relacionados a forma de abate. Os animais permanecem por semanas ou meses a bordo das embarcações, em condições precárias. Além de péssimas condições para os trabalhadores, com poucas condições de higiene, ambientes mal ventilados, chão escorregadio propício a acidentes, falta de assistência à saúde e dívidas trabalhistas.

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Essas são algumas das situações enfrentadas por quem trabalha em navios que atravessam oceanos carregando carga viva. Vários acidentes já ocasionaram inúmeras mortes entre os trabalhadores dos navios.

Bem-Estar Animal

As organizações de direitos dos animais têm nessa prática uma grande preocupação com o bem-estar dos animais. O transporte de gado vivo envolve longas jornadas, muitas vezes sob condições adversas, como superlotação, falta de ventilação adequada e acesso limitado a água e comida. Essas condições podem levar a estresse, doenças e até mesmo à morte dos animais durante o transporte. A exposição a variações climáticas extremas e o manejo inadequado também contribuem para o sofrimento dos animais.

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Ação Judicial

Em 2017 o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal entrou com uma ação civil pública que pedia a proibição da exportação de bovinos vivos. Em abril de 2023, saiu a sentença de primeira instância, proferida pelo juiz federal Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Cível Federal de São Paulo. O juiz federal na sua sentença afirmou: “Animais não são coisas. São seres vivos (…) que sentem fome, sede, dor frio, angústia, medo”, afirmou a sentença, que considerou a exportação de bovinos vivos uma prática condenável e determinou sua proibição em todo o território nacional.

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Apesar disso, a União recorreu da decisão em 1ª instância, e o cumprimento da sentença ficou suspenso até a deliberação do TRF3, que ocorreu no último dia 19/12.Nas palavras da diretora jurídica do Fórum Animal, Ana Paula de Vasconcelos.  “Não iremos desistir de lutar para acabar com essa prática cruel. Iremos recorrer ao STJ e ao STF. É lamentável que todas as provas produzidas ao longo do processo tenham sido desconsideradas”.

Impacto Ambiental

Além das questões éticas, a exportação de gado vivo tem implicações ambientais significativas. A produção e o transporte de gado são responsáveis por uma parcela considerável das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas. A expansão da pecuária para atender à demanda por carne e animais vivos também pode levar à degradação de habitats naturais, desmatamento e perda de biodiversidade.

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Saúde Pública

Outro aspecto relevante é a saúde pública. O transporte internacional de gado vivo aumenta o risco de disseminação de doenças zoonóticas, que podem afetar tanto os animais quanto os seres humanos. A movimentação de grandes quantidades de animais pode facilitar a transmissão de patógenos, colocando em risco a saúde de rebanhos locais e a segurança alimentar.

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A exportação de gado vivo pelo Brasil é uma questão complexa que requer uma análise cuidadosa das suas implicações éticas, ambientais e de saúde pública. Embora possa oferecer benefícios econômicos, os custos sociais e ambientais associados a essa prática são significativos.