Ativistas e organizações que lutam pelos direitos dos animais recebem homenagem

Com trajetórias indescritíveis, ativistas, empresas e organizações, que lutam pelos direitos dos animais, foram homenageados na Assembleia Legislativa do Paraná, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados a uma causa de extrema importância para a sociedade. Nesse momento, esses protetores paranaenses estão mobilizados e contribuindo, de alguma forma, com o processo de resgate e assistência aos milhares de animais afetados pelas graves enchentes registradas no Rio Grande do Sul, formando uma grande rede de solidariedade.

Quem está participando diretamente dessa ação de ajuda ao estado gaúcho são os Veterinários de Rua – os “Vets de Rua”, uma das organizações homenageada na noite de hoje. A entidade surgiu em 2018, em Curitiba, sendo uma das áreas da ONG Médicos de Rua.

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“A mobilização aconteceu durante um encontro do grupo e, imediatamente, um grupo de 20 voluntários foi para o Rio Grande do Sul”, contou a veterinária Claudia Portella Kogawa, que faz parte da ONG. “Podemos mudar a vida de um ser esquecido. É isso que nos move”, frisou. Declaração semelhante fez a estudante de medicina veterinária Camila Sperotto, também participante da organização. “Fazer o bem faz bem”, afirmou a jovem.

Sempre no último domingo do mês, os Veterinários de Rua fazem uma ação na Praça Tiradentes, no centro da Capital. São atendidos animais, oferecendo ração, vacinas e vermífugos quando disponível, atendimento médico e o tratamento clinico quando necessário. Também são doadas roupinhas, coleiras e itens básicos. Esse trabalho está sendo feito no Rio Grande do Sul.

A cerimônia foi organizada pelo deputado Alexandre Amaro (Republicanos), 4º secretário da Assembleia, que enfatizou a importância de reconhecer as pessoas, empresas, projetos e organizações pelos relevantes serviços e homenagear suas ações em prol dos animais: “é de extrema valia uma homenagem a esses heróis sem capa”, reiterou.

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O parlamentar, autor de várias leis sobre o tema, destacou ainda que muitos protetores lutam em favor da causa sem condições, agindo por amor aos pets, na maioria das vezes abandonados de forma cruel e desumana por seus tutores. “Vocês fazem a diferença na vida de um animal”, sublinhou na abertura da solenidade. “Minha esposa Vanilda, aqui presente, sempre diz: os animais não podem falar; temos que falar por eles”, acrescentou. O parlamentar comentou a importância da atuação desses protetores paranaenses – ativistas e empresas – que estão nesse momento comprometidos em ajudar os gaúchos.

“Todos, poder público e a sociedade, vêm fazendo um grande trabalho”, afirmou a delegada-chefe das Delegacias Especializadas do Estado do Paraná, Luciana Novaes. Ela enalteceu a atuação da Delegacia do Meio Ambiente, das instituições, ONGs e protetores que colaboram para coibir a repressão aos maus-tratos e o tráfico de animais.

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Para Karol Tartas, ativista que atua no segmento há muitos anos, militando pelos direitos dos animais em Curitiba e Região Metropolitana, é essencial ajudar os bichinhos, seres que precisam de alguém que zele por eles. Ela defende a implementação de políticas públicas, como medida fundamental para mudar o cenário atual de abandono e maus-tratos. “Estou bastante emocionada, é uma honra ver todos aqui presentes e participar dessa solenidade”, declarou.

Foram homenageados durante a cerimônia

  • Instituto GRPCOM – Programa Impulso;
  • Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba;
  • Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA);
  • Centro de Medicina veterinária do Coletivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR);
  • Veterinários de Rua Curitiba;
  • Just Pets Tributo Justo;
  • site Adote Bicho;
  • Casa do Produtor;
  • Hiperzoo;
  • Rei dos Animais;
  • Castramóvel Brasil.

Também receberam homenagens as ativistas Tosca Zamboni, Laélia Tonhozi, Leyla Orilio, Rosana Vicente de Moraes, Bernardo Marino, Rosana Gnipper e Julia Misga. Para os voluntários e ONGs que atuam nesse segmento doações são bem-vindas, sempre. Eles aceitam doações de ração normal (para cães e gatos), ração pastosa, água, cobertores, coleiras, caminhas, roupinhas, caixas de transporte, vermífugos, antipulgas, antibiótico, analgésicos, seringas, itens de limpeza e até brinquedos próprios para os bichinhos.

Legados que inspiram

Um momento bem especial e de grande emoção, especialmente, para familiares e amigos, aconteceu quando foram prestadas homenagens póstumas a três protetoras: a médica veterinária Cecilia Vargas da Costa, a ativista Maria Cristina Junges de Toledo e a tutora Viviane Roesler. O ato marca o reconhecimento ao legado de proteção animal, e é de extremo significado para que cada uma dessas histórias não seja esquecida, e continuem a inspirarem outras pessoas a cuidarem dos bichos de rua.

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A rede de proteção animal de Curitiba perde uma grande representante, em 2016, com o falecimento de Cecília Vargas da Costa. “Cissa”, como era chamada pelos amigos e familiares, trabalhou arduamente para sensibilizar a sociedade para o tema importante: os cuidados com os animais e a adoção. Uma fase marcante de sua trajetória começou em 2009, quando começou a promover eventos de adoção responsável aos sábados e domingos, conseguindo com que mais de 8 mil gatinhos encontrassem novos lares. Sua vida foi dedicada a causa animal e, apesar da pouca idade (morreu aos 36 anos), já era referência por ter ajudado e doado milhares de animais.

Em 1992, Maria Cristina Junges de Toledo iniciou suas ações na proteção animal de maneira totalmente independente, quando não haviam muitas ONGs agindo em Curitiba. Logo se consolidou como um dos únicos abrigos para gatos na cidade, fazendo o serviço de controle populacional por conta própria: ela os recolhia das ruas, mandava para a castração e fazia de tudo para que encontrassem um lar. Definitivamente, não era uma tarefa fácil lidar com toda essa situação.

O abandono e os abusos com os animais por parte dos humanos sempre foi algo que a entristecia. Cristina, que não suportava esse descaso e não conseguia se manter omissa e estática perante a essa difícil realidade, dedicou a vida para cuidar e defender os que não o podiam fazer. Cristina construiu um legado de bondade e empatia com os bichinhos, que transferiu pelas novas gerações. Mesmo após sua morte, quem conviveu com ela continua enxergando os animais com diferentes olhos.

Outra história que simboliza a luta pela causa animal é a de Viviane Roesler, a “Vivi”, que ao longo de sua vida adotou mais de dois mil bichos. Ela começou com as ações de proteção ainda nos anos 90, quando o mundo era outro. Naquela época, resgatava gatos, num período onde a informação era escassa, o acesso a veterinários era algo muito caro e difícil. Muitos animais chegavam doentes e ela tinha sempre como objetivo primordial salvá-los a qualquer custo. Surgiu a vontade de dar chance para muitos animais, numa iniciativa inédita. Daí foi criado o Abrigo da Vivi, onde muitos cães e gatos puderam encontrar apoio, cuidado e amor. Essa dedicação durou mais de 30 anos, é o legado de uma vida, de quem muitas vezes olhou para onde ninguém estava presente, de quem deu oportunidade bichinhos que não terias chances em outros lugares. Foi uma vida de luta, mas com certeza de muito amor: “A paixão vai até o fim da vida”, afirmou a tutora, no ano passado, quando participava de mais uma feira de adoção, que acontecia em Curitiba.

Abandonados nas ruas do país

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava, em 2022, que existiam cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas do Brasil, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cachorros. Esses animais sofrem todo dia com o abandono, doenças físicas e mentais, fome e maus-tratos, sem ter voz para se defender eles dependem de iniciativas governamentais, protetores independentes e ONGs que trabalham com o resgate, cuidado e adoção.

Marcaram presença na solenidade, compondo a mesa de autoridades, o delegado-chefe da Delegacia de proteção ao Meio Ambiente, Guilherme Luiz Dias; o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos Animais, Paulo Colnaghi

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