Uma das séries mais badaladas do momento, Game of Thrones, encerrou sua quarta temporada no décimo episódio, o que é contraditório para uma produção que acaba de ser declarada a maior audiência da história da HBO. O problema, no entanto, não é só este.
Recentemente, saiu na imprensa internacional, um estudo que calcula que a produção na TV está acelerada em relação à obra em que se baseia: As Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor George R. R. Martin, e que logo os leitores já não poderão mais se gabar de estarem adiantados em relação à trama na TV.
Uma incoerência que pode lá não ter seus efeitos comerciais diretos, mas que afeta a relação do escritor com seu público, e obviamente, com a história. Martin ainda não concluiu a série na literatura, e deixar as duas produções acontecerem em paralelo pode ter efeito negativo nas livrarias ou no canal de TV.
Quanto à história, para quem, como eu, acompanha somente na TV, a quarta temporada, mais do que as outras, deixou saudade muito cedo. Dez episódios foram insuficientes, as “entrelinhas” renderiam pelo menos outros dois episódios. A produção de mais dois episódios ainda resolveria o impasse do conflito com a literatura.
De longe, parece muito menos grave do que realmente é. Mas o fato é que a excelente história pode simplesmente morrer em spoilers. Ao finalizar a literatura com algum fato realmente relevante ou conclusivo para a história, ele não conseguirá conter os comentários de uma legião fanática de fãs nos sites, fã-clubes e redes sociais. Ao colocar algum fato importante na televisão antes da literatura, ele comprometerá a leitura dos que o acompanham desde o começo da saga, portanto, consumidores diretos da sua obra.
Mais episódios por temporada na TV e distanciamento da literatura é o ideal para não correr o risco de a história sangrar até a morte por descuido da produção. E sangrar até a morte, como sabemos, não é assim tão difícil em Game Of Thrones.