A série The Crown (Netflix) mostra a história da Rainha Elizabeth. Ela começa com um roteiro leve e sentimental, suspeito a ser inclinado a melhorar a imagem da Família Real, da própria Monarquia, ou até mesmo da Inglaterra, contrariada e confusa politicamente nos últimos tempos.
Para nós, latinos mortais, o clima da série chega a ser irritante, com a devoção à Coroa, os cuidados, uma ostentação disfarçada de etiqueta de uma elite que tenta mostrar uma certa piedade para com o povo, mas que certamente não sabe nada a respeito do povo, das suas necessidades e da sua realidade. Também traz a relação política com o enjoado Parlamento Britânico, em especial com o Primeiro Ministro Winston Churchill, visto na série com um daqueles caciques agarrados ao poder de maneira quase doentia.
Por outro lado, a produção impecável vem acompanhada de um elenco encantador, como a encantadora Claire Foy no papel da Rainha, Jared Harris, como o Rei George VI, e o imbatível John Lithgow, como Churchill.
Mas ainda assim vejo muitos brasileiros encantados com a série, com a pompa, a circunstância, o aspecto justiceiro de uma Rainha que, de certa forma, representa o empoderamento feminino. A educação, a política, a cultura e tudo mais que envolve o Palácio de Buckingham. Não dá pra condenar, a gente também já teve Rei e Palácio, e nos sobra agora o resultado de tê-los trocado por um bando de espertalhões, cabendo a nós, como sempre, o papel de bobos da corte.
Primeira temporada disponível no Netflix.