As histórias de terror são, em sua maioria, uma grande metáfora da nossa vida e do nosso histórico como seres humanos, loucos, inteligentes, crentes ou não, e cheios de preconceitos e defeitos. Todos estes elementos dão o tempero às tramas, que são enfeitadas com muito sangue e cenas horríveis, com finais que podem ser felizes ou não. Assim como na realidade.
Freak Show, a mais recente temporada de American Horror Story, teve altos e baixos, mas poderia ter mantido um excelente nível, em função de todos estes elementos maravilhosos que cercam a história. Ryan Murphy, o criador e produtor da série, utilizou a mesma fórmula de Coven, de longe a melhor temporada da série, mas, desta vez, decidiu abusar mais da sua experiência com musicais e acabou por relativizar o roteiro com choques desnecessários, mortes sem sentido, eliminação de personagens que cativaram o público. Ao fim de tudo isso, um banho de sangue, dando a nítida impressão de que foram obrigados a tesourar o roteiro pela metade.
Em seus melhores momentos, a temporada colocou Jessica Lange cantando, criou uma lenda assustadora em torno dos “monstros” e fez uma linda homenagem ao filme Freaks, de 1932, com a cena de abertura de um episódio feita nos mesmos moldes dos clássicos, com a perseguição das aberrações numa noite chuvosa a um empresário que só queria faturar, vendendo os cadáveres das criaturas para exposições.
Desde o início dos tempos, as histórias de terror nos foram contadas, despertando admiração, medo, e nos servindo de alertas para a existência do mal. A morte e o sangue não são necessariamente os principais elementos. Estes devem ser usados conforme a demanda, caso contrário, se tornam apenas um espetáculo nauseante e chocante, que nada acrescenta no final. Murphy se omitiu e tirou da sua audiência a oportunidade de presenciar o que poderia ser uma das melhores histórias de terror de todos os tempos. Que ele se acerte com as criaturas!