Se você se assusta com o SUS é bem provável que vá se identificar, pelo menos um pouco, com a série The Knick (Cinemax). Protagonizada por Clive Owen, a história aborda a medicina do início do século XX, na era pré-antibióticos. A produção fica ainda mais interessante ao abordar temas de grande impacto social, como racismo, drogas e o comércio que gira em torno do mercado da morte e da saúde.
Na história, John Thackery (Owen) é um brilhante cirurgião, viciado em cocaína, que, na época, não era proibida, e que se desdobra para tentar amenizar o número de baixas no hospital onde é o cirurgião-chefe. O drama ganha mais vida com a chegada do excelente médico negro Algernon Edwards (Andre Holland) e revela as mais constrangedoras situações de discriminação, a maioria delas protagonizadas pelo próprio Thackery.
Vale destacar também outras situações bizarras, como as do personagem de David Fierro (Jacob Speight), um inspetor de saúde que explora a situação de penúria da saúde, cobrando uma taxa de cada paciente que leva para os hospitais numa ambulância, ou melhor, numa charrete com uma sirene manual. Ou ainda da freira Harriet (Cara Seymour), que ganha dinheiro fazendo abortos clandestinos.
A obstinação pela cura, numa época sem recursos, é o grande destaque desta produção, e vai além do fato de a série mostrar os detalhes mais sangrentos das cirurgias, realizadas com os mais rústicos instrumentos. A direção de arte caprichou na pesquisa e a série vale realmente a pena para os fãs do gênero. Qualquer semelhança com a atualidade, porém, é mera coincidência. Sábados, 21h, no Canal Max.