Se você é daquelas pessoas que sofrem de um barulho freqüente e incômodo, percebido mesmo na ausência de sons externos, saiba que você não está sozinho. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente 6 milhões de pessoas lhe fazem companhia. São aqueles que sofrem de um distúrbio conhecido apenas como zumbido, popularmente descrito como "um barulho nos ouvidos". O transtorno varia de pessoa para pessoa. Para uns é como se fosse um apito ensurdecedor, para outros são chiados constantes. No entanto, para a maioria, a recomendação não é muito animadora: aprender a conviver com o barulho de grilos, sirenes e água correndo o tempo todo.
Para a cabeleireira Dilma Terezinha Vuitiki, o som que tanto a incomoda lembra o de uma cachoeira. Convivendo com o barulhinho o dia inteiro, ela fica irritada e estressada. Ao consultar um especialista, o seu diagnóstico foi de otosclerose, uma ?calcificação? no estribo, só resolvida por meio de uma cirurgia. ?Como só operei o ouvido esquerdo, continuo com o problema no direito?, reclama. Dilma diz que não ?briga? mais com o distúrbio. O mesmo não acontece com sua companheira de trabalho, Inês Pereira Batista, que sofre com o mesmo desconforto. Ela sente os mesmos sintomas da amiga, e diz que luta contra o distúrbio, passando noites sem dormir direito, o que diminui sua capacidade de concentração e aumenta a sonolência diária. ?Além disso, essa coincidência serve de motivo para gozações e brincadeiras das amigas e clientes?, relata.
Identificar a sua origem
O professor adjunto da cadeira de otorrinolaringologia da Universidade Federal do Paraná, Herton Coifman, explica que várias são as causas que contribuem para o surgimento dos sintomas do zumbido, sendo, a mais comum delas, as infecções auditivas, nos seus mais diversos níveis. O zumbido também pode estar associado a perdas auditivas, otosclerose, vertigens, exposição prolongada a ambientes muito ruidosos, estresse, depressão e ansiedade, entre outras causas.
O especialista ressalta que o transtorno pode ocorrer súbita ou muito gradativamente. ?Muitas vezes ele só é percebido no silêncio da noite, quando os ruídos do dia-a-dia acabam?, esclarece. Coifman explica que o zumbido não é uma doença em si, mas um sintoma que pode indicar uma série de alterações. O ideal é consultar um otorrinolaringologista para uma avaliação detalhada, por meio de exames específicos. Não existe um tratamento padronizado para todos os casos, o importante é identificar a origem do problema. Muitas vezes, o tratamento é definitivo e inclui medicamentos específicos ou procedimento cirúrgico. Na maioria dos casos, por meio de uma orientação adequada é possível fazer com que seja diminuída a importância do ruído na vida da pessoa.
De onde vem o zumbido
– Otosclerose.
– Hipotireoidismo.
– Perdas auditivas.
– Ansiedade, depressão e estresse.
– Problemas na articulação temporo-mandibular.
– Vertigens.
– Efeitos colaterais de medicamentos.
– Exposição freqüente a um barulho intenso.
– Infecção nos ouvidos.