Zumbido é um mal que atinge milhões de pessoas

Os inúmeros compromissos da agitada vida moderna, as pressões profissionais por metas a serem alcançadas e as crescentes dificuldades de relacionamento familiar ou profissional reforçam ainda mais o estresse -mal que está cada dia mais presente na vida de todos.

Nesta época, com a chegada das festas de final de ano, com fechamentos e planejamentos orçamentários e novos planos pela frente, o problema costuma se agravar.

O distúrbio é capaz de afetar o equilíbrio interno e causar doenças já conhecidas, como gastrite, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Porém, outro sintoma vem se tornado frequente: o zumbido. Estimativas apontam esse vilão acomete 15% da população mundial. No Brasil, os dados são incipientes, mas a avaliação é de que prejudique a qualidade de vida de mais de 20 milhões de brasileiros.

O distúrbio provoca insônia crônica, alteração de concentração nas atividades diárias, depressão e restrição da vida social por causa da piora em ambientes barulhentos.

É importante, no entanto, diferenciar dois tipos de estresse: o crônico, aquele constante no dia a dia de maneira menos intensa (por exemplo, problemas conjugais e financeiros) e o agudo, provocado por reações traumáticas, porém passageiras (por exemplo, vésperas de concurso, morte de pessoas queridas, entre outras).

Nesse caso, quanto mais pontual for a causa e menor o tempo de existência, maior a chance de controlar o distúrbio e, também, o zumbido. Crianças também sofrem com o estresse, seja por falta de afeto, ausência dos pais ou agenda cheia de compromissos.

Segundo estudos, cerca de 20% das crianças de 5 a 12 anos de idade também sofrem de zumbido, o que mostra que esse sintoma não é exclusivo dos adultos. Nessa faixa de idade, além do estresse, o desconforto pode ser provocado por erros alimentares ou excesso de ruído.

Estresse como inimigo

As causas emocionais têm se agravado a cada dia, e o estresse contribui de maneira significativa.

Segundo a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, especialista em zumbido, os próprios pacientes, muitas vezes, chegam ao consultório e já descrevem o distúrbio como consequência das dificuldades pelas quais estão passando.

A especialista entende perfeitamente o lado emocional do sintoma porque já o vivenciou na pele, ou melhor, nos ouvidos.

Em 1999, quando já se dedicava ao assunto há cinco anos, teve zumbido após a perda de um familiar.

“Ele só desapareceu completamente depois que eu me dei o direito de vivenciar o luto e de ter aceitado esta perda”, relembra.

Este tipo de zumbido súbito, ou seja, que aparece de uma hora pra outra, tem se tornado cada vez mais frequente. O que se comprova é que o estresse pode levar ao zumbido e vice-versa.

Para tratar dos sintomas, existem métodos clássicos, como medicamentos ou terapia, mas nem todos se adaptam a essas opções. É importante realizar uma atividade prazerosa como válvula de escape.

Vale tudo, desde praticar um esporte, fazer ioga ou meditação, até viajar, ir ao cinema e ouvir música. Outra dica eficaz é exercitar a respiração abdominal, na qual a pessoa expira por um tempo mais prolongado do que inspira. “Isso funciona, com a vantagem de poder ser feito por qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer lugar”, reconhece a especialista.

Segundo os especialistas, existem diversas formas para medir o grau do zumbido: por meio do tinnitus handicap inventory, um questionário reconhecido internacionalmente, composto por 25 perguntas com respostas entre “sim”, “não” e “às vezes”.

Também é possível detectar o problema, por meio de uma acufenometria, exame em que o paciente, dentro de uma cabine acusticamente isolada, recebe tipos de sons mais graves ou mais agudos, com mudança de frequência e volume, até identificar o som exato do seu zumbido.

Outra investigação pode ser feita por meio de uma escala visual numérica de 0 a 10, no qual o 10 significa o zumbido mais alto que se pode imaginar. Pacientes ,que sofrem de estresse tendem a dar notas mais altas para o zumbido.

Sem menosprezar as causas

A queixa mais comum entre os portadores do sintoma é “ninguém me entende.” Como o zumbido só é sentido por quem o sofre, é comum que médicos menosprezarem esse sofrimento ou acharem exagero do paciente.

Por mais estranho que pareça, o contrário também se torna um problema, pois a maior atenção da família acaba trazendo algum benefício e, por esse motivo, muitas pessoas não encontram motivação para melhorar.

Portanto, familiares e amigos podem colaborar bastante apenas ouvindo os desabafos e acompanhando o paciente nas consultas médicas. Mais do que isso, somente quando o portador solicitar outro tipo de ajuda.

É importante lembrar que qualquer conflito emocional pode ser traduzido pelo corpo em forma de zumbido, mas as causas físicas devem sempre ser investigadas e tratadas. Sem demora.

Outras causas para os zumbidos

* Otosclerose
* Hipotireoidismo
* Perdas auditivas
* Ansiedade e depressão
* Problemas na articulação temporo-mandibular
* Vertigens
* Efeitos colaterais de medicamentos
* Exposição frequente a barulhos intensos
* Infecção nos ouvidos

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