Um barulho freqüente e incômodo, percebido mesmo na ausência de sons externos é a principal característica do zumbido, popularmente descrito como "um barulho nos ouvidos". Esse barulho varia de pessoa para pessoa. Para uns é como se fosse um apito ensurdecedor, para outros são chiados constantes. Para a cabeleireira Dilma Terezinha Vuitiki, o barulho que tanto a incomoda lembra o de uma cachoeira. "Conviver com esse som o dia inteiro me deixa bastante irritada e estressada", reclama, salientando que o jeito encontrado por ela para amenizar o problema é ficar quieta num canto esperando o barulho diminuir.
Apesar da pouca probabilidade de se tornar uma doença grave, o zumbido causa grande desconforto e afeta o cotidiano de quem sofre do mal. Esse barulho freqüente e incômodo, percebido mesmo na ausência de sons externos, é um mal que atinge milhares de pessoas no mundo. No Brasil não existem estatísticas exatas, entretanto, algumas pesquisas mostram que, nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 44 milhões de pessoas, ou seja, 17% da população, sofram do distúrbio constantemente.
Inês Pereira Batista, cabeleireira do mesmo salão de beleza de Dilma, também é sua parceira no desconforto. "Essa coincidência serve de motivo para gozações e brincadeiras das amigas e clientes", relata. Ela sente os mesmos sintomas da amiga, e diz que passa noites sem dormir direito, o que diminui sua capacidade de concentração e aumenta a sonolência diária.
Esse mal tem cura
A otorrinolaringologista e foniatra da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mariana Lopes Fávero, explica que várias são as causas que promovem o aparecimento do zumbido, sendo, a mais comum delas, as infecções auditivas, nos seus mais diversos níveis. "Outros fatores, como alterações sangüíneas, pressão alta, estresse, abuso de cafeína, açúcares e álcool também podem contribuir para a manutenção do quadro", salienta a especialista.
A médica ressalta que o transtorno pode ocorrer súbita ou muito gradativamente. Quando ocorre subitamente, é freqüentemente percebido a uma intensidade razoavelmente alta e pode persistir nesse nível permanentemente. Entretanto, para outros, esclarece Mariana Fávero, é temporário e não retorna mais. Durante muito tempo acreditou-se não haver cura para o zumbido e que essas pessoas deveriam se acostumar e conviver com esse sintoma. No entanto, com um maior conhecimento sobre os mecanismos envolvidos na geração do distúrbio, várias técnicas de atendimento e tratamento têm sido desenvolvidas, atesta a foniatra.
Reabilitação auditiva
A orientação do paciente e o esclarecimento de todas as suas dúvidas são os principais fatores contemplados no tratamento. Além disso, o uso de medicamentos específicos e o atendimento médico, fonoaudiológico e psicológico especializado e dirigido ajudam a desmistificar o problema e conseguem pronta reabilitação auditiva.
Os especialistas explicam que o zumbido não é uma doença em si, mas um sintoma que pode indicar uma série de alterações. O ideal é consultar um otorrinolaringologista para uma avaliação detalhada, por meio de exames específicos. Não existe um tratamento padronizado para todos os casos, o importante é identificar a origem do problema. Muitas vezes, o tratamento é definitivo e inclui o uso de medicamentos, cirurgias ou mesmo a colocação de eletrodos e aparelhos auditivos que mascaram o incômodo.
De onde vem o zumbido
Não se tem certeza absoluta de nenhuma causa específica para o zumbido. São conhecidos, entretanto, alguns fatores que causam o distúrbio ou podem piorá-lo, entre eles:
· Otosclerose.
· Acúmulo de cera nos ouvidos.
· Hipotireoidismo.
· Alergias.
· Doenças cardiovasculares.
· Ansiedade, depressão e estresse.
· Problemas na articulação temporo-mandibular.
· Tumor no nervo auditivo.
· O uso de aspirina e alguns antibióticos.
· Exposição ao barulho.
· Infecção nos ouvidos.