Quem desenvolve o glaucoma perde, inicialmente, a visão periférica. Com a evolução, tem a área central do olho afetada. "É a mesma sensação de ver as coisas por um canudinho", explica o oftalmologista Marcelo Jordão. |
Imagine o ralo para escoamento da água da banheira cheio de cabelos. É mais ou menos assim que acontece quando o sistema de drenagem dos nossos olhos fica obstruído. O olho contém um líquido (humor aquoso) que circula continuamente no seu interior. Quando ele não escoa, gera uma pressão muito grande e provoca danos no nervo óptico, diminuindo a visão e, em muitos casos, levando à perda da visão. Este é o cenário do glaucoma, doença ocular que, segundo estimativas da Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma (Abrag), afeta em torno de um milhão de brasileiros.
O nervo óptico é como um aglomerado de fibras óticas, como aquelas usadas nas linhas telefônicas ou TV a cabo. Quando envelhecemos, algumas dessas fibras morrem. Nas pessoas com glaucoma, eles morrem com mais velocidade do que o normal. À medida que perde essas fibras, a pessoa começa a perder partes do campo visual. Se o glaucoma não for tratado, todas as fibras morrem, ocorrendo a cegueira total.
Consultas anuais
?Não é evitável, pois está determinado geneticamente, mas o dano do nervo óptico causado pela pressão alterada pode ser diminuído ou controlado e a perda de visão adiada?, afirma o oftalmologista Marcelo Jordão, especialista na doença. Num programa de glaucoma para uma população de um milhão, pelo menos 25% das pessoas acima dos 40 anos terão risco para a doença e mais da metade delas sequer suspeita que seja portadora. Quando percebem que o campo de visão foi afetado, 30 a 40% das fibras nervosas já foram destruídas.
De acordo com o oftalmologista Marco Canto, as pessoas com idade superior a 35 anos, com histórico familiar de glaucoma, que apresentam diabetes, miopia e que fazem uso prolongado de corticóides estão propensas a desenvolver a doença. ?Por ser um mal silencioso, o exame oftalmológico regular é muito importante?, alerta o especialista.
São recomendadas consultas, pelo menos uma vez por ano, com o oftalmologista, após ter completado 40 anos de idade. Já para os indivíduos que apresentem casos de glaucoma na família, o ideal é iniciar as consultas periódicas mais cedo. A recomendação mais importante é lembrar que o glaucoma, geralmente, não apresenta sintomas. ?Logo, não é necessário sentir alguma dor ou alteração na visão para procurar o oftalmologista?, reforça a oftalmologista Gabriela Barreto.
Cirurgia a laser
Os glaucomatosos podem realizar qualquer atividade física de forma moderada. O glaucoma é melhor controlado em pacientes saudáveis e que sigam com rigor as orientações médicas. ?Para atividades normais do cotidiano, não há restrições?, garante a médica, salientando que, quem já se submeteu a uma cirurgia de glaucoma precisa ter mais cuidado, pois qualquer contaminação pode piorar o quadro clínico.
Para o oftalmologista Hamilton Moreira, poucas vezes uma doença tão grave sofreu tantas modificações em seu tratamento em tão pouco tempo como o glaucoma. O especialista comenta que a cura do glaucoma ainda não é conhecida, mas que várias pesquisas estão sendo feitas nesse sentido. ?Hoje em dia, o paciente pode optar por realizar cirurgia a laser ou convencional?, explica o médico, lembrando que o propósito do tratamento é impedir a perda visual e, por outro lado, manter a pressão intra-ocular em níveis baixos. ?Antes que a integridade da visão do paciente seja comprometida.?
Pessoas que podem ter glaucoma
* Com histórico familiar da doença
* Com diabetes ou hipertensão
* Com pressão intra-ocular elevada
* Que fazem uso prolongado de corticóides
* Com miopia acima de seis graus
* Com mais de 40 anos
* Com lesão ou infecção ocular anterior
* Da raça negra