Visão infantil exige cuidados no tempo certo

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% das crianças, em idade escolar, no mundo, apresentam algum tipo de deficiência visual. Dados do Censo Escolar de 2005, do Ministério da Educação, corraboram com esta estatística e apontam que mais de 55 mil estudantes brasileiros apresentam baixa visão e 8.500 alunos possuem algum grau de cegueira. "Os problemas de visão estão entre as principais causas de evasão e reprovação escolar no Brasil", alerta o oftalmologista Virgilio Centurion.

De acordo com o médico, é preciso que pais e professores fiquem atentos aos problemas de visão na criança, pois o processo de ensino-aprendizagem depende primordialmente da visão. "Na verdade, o ideal seria fazer um exame periódico todo início de ano letivo", defende o especialista. A oftalmologista Maria José Carrari reforça que "a avaliação visual na infância deveria ser iniciada logo após o nascimento da criança".

Intervenção precoce

Geralmente, más formações congênitas, como pupila de cor "branca" – o que provavelmente pode ser uma catarata -, podem ser detectadas assim que o bebê nasce pelo oftalmologista. O fato de a criança não saber informar aos pais que apresenta um problema de visão, não inviabiliza o tratamento. Tânia Schaefer, presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia, diz que os pais podem ajudar, por meio do exame de oclusão, em que se nota a presença de algum distúrbio pela reação da criança ao ter seu olho tampado. ?Elas só não reclamam quando têm algum problema?, avisa. Além disso, hoje existem exames que avaliam a integridade anatômica e funcional das diversas partes do olho. ?Dessa forma, quando são diagnosticadas catarata ou alterações no exame de fundo de olho, os médicos podem intervir mais cedo nos problemas que causam deficiências na acuidade visual e, conseqüentemente, baixo aproveitamento escolar", explica Virgilio Centurion, também presidente da Associação Latino-americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.

A oftalmologista Laura Duprat ressalta que os problemas mais comuns de visão na infância são o aparecimento de vícios de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, além da ambliopia e do estrabismo. Entre os vícios de refração, ou seja, deficiências que precisam de correção óptica, a hipermetropia é um dos problemas oculares mais encontrados em crianças e adultos, levando a criança a se queixar de dor de cabeça ou desconforto para ler de perto, assistir à TV ou jogar vídeo-game. Estima-se que 55% das pessoas no mundo apresentem hipermetropia e o aumento do número de casos se dá nos primeiros anos de vida.

Óculos, a solução

A criança deve usar óculos para melhorar a acuidade visual, aliviar os sintomas oculares e para corrigir certos tipos de estrabismo. Um problema apontado pela oftalmologista Laura Duprat é a rejeição que os pais apresentam quando é necessário o uso de óculos pela criança. "Normalmente, uma reação negativa do adulto influencia muito o comportamento da criança em relação ao uso dos óculos", avalia a médica.

Os óculos com grau para as crianças só podem ser receitados por oftalmologistas e se recomenda que sejam conferidos após serem feitos. As armações devem ser, de preferência, de acrílico, por serem mais resistentes, devendo estar bem adaptadas ao rosto da criança. De acordo com a especialista, não podem estar soltas ou apertar o nariz ou atrás da orelha. Se a criança e a família optarem pelo uso das lentes de contato, "elas devem ser de acrílico, pois são mais leves", completa a oftalmologista.

Conheça as doenças oculares mais comuns da infância

Astigmatismo – uma deformação da curvatura da córnea do olho humano, que faz com que a pessoa não veja de forma nítida. Crianças que apresentem astigmatismo podem sentir dores de cabeça e fadiga ocular, pois ?forçam? os olhos para melhor enxergar.

Miopia ? se caracteriza pela dificuldade de enxergar longe. Acomete três em cada dez brasileiros. Como a criança não enxerga bem de longe, passa a preferir atividades como a leitura e evita a prática de esportes ou atividades que solicitem visão à distância.

Estrabismo – se manifesta em cerca de 2% da população mundial e deve ser tratado assim que diagnosticado. O tratamento exige a oclusão do olho "saudável", a fim de estimular o olho mais "fraco", e deve ser iniciado tão logo seja feito o diagnóstico do problema na criança.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo