Em um país como o Brasil, em que estar bronzeado é sinônimo de saúde e beleza, é uma tarefa árdua tentar mudar os hábitos da população quando o assunto é "pegar uma cor" no verão. Os dermatologistas e outros profissionais de saúde continuam a alertar as pessoas para os perigos do excesso de exposição aos raios ultravioleta emitidos pelo sol. Nesse sentido, de alguns verões para cá, alguns avanços estão sendo alcançados, pois cresce o número de pais preocupados com a proteção da pele dos seus filhos. É um bom sinal, porque, conforme o dermatologista Ronaldo Régis Mobius, cerca de 80% dos efeitos maléficos do sol produzidos durante a vida, acontecem até os 18 anos de idade.
Hoje, existem novos conhecimentos que tornam os cuidados ainda mais importantes. Com efeito, os especialistas têm alertado para a existência de uma relação íntima entre as radiações e o melanoma maligno, a forma mais grave de câncer da pele. Outra comprovação é de que a radiação ultravioleta pode ter um efeito negativo sobre o sistema imunológico que, além de provocar o envelhecimento prematuro da pele, lhe dá um aspecto enrugado e rígido. "Com certeza, não é esse o efeito que as pessoas procuram quando se expõem ao sol nas praias e piscinas", observa Mobius.
Efeitos retardados
Apesar disso, muitos ainda associam a pele bronzeada com boa saúde e vitalidade. Mas na verdade, os médicos explicam que só necessitamos de uma pequena quantidade de luz solar para que o nosso organismo produza toda a vitamina D de que o nosso corpo precisa. Isto é, as nossas necessidades reais de exposição à luz do sol são muito inferiores às quantidades necessárias para se obter um bronzeado de causar inveja.
Apesar de toda a informação recebida, o número de casos de câncer da pele tem aumentado nos últimos anos. Este fato se deve, segundo a opinião generalizada entre os especialistas, ao exagero no tempo de exposição aos raios ultravioleta. Assim, o surgimento de melanomas malignos, provocado pela exposição sem a devida precaução, pode chegar a ser fatal.
O envelhecimento da pele e o câncer têm efeitos retardados que habitualmente só se tornam evidentes com o passar dos anos. É por esta razão que, aparentemente, os jovens não apresentam nenhum sintoma. Segundo Mobius, talvez se deva a isso, a falta de consciência da juventude quanto aos perigos do bronzeamento exagerado. "Como esses efeitos só aparecerão quando esses jovens atingirem a idade adulta, eles demonstram não estarem nem aí", resume o dermatologista.
Proteção o ano inteiro
Contudo, não são somente as pessoas que vão tirar férias, viajar ou freqüentar as praias que necessitam de cuidados com a pele. Trabalhadores que vivem em contato diário com o sol, como carteiros, trabalhadores rurais e jardineiros, entre outros, também devem usar algum tipo de proteção. O dermatologista Carlos Augusto Silva Bastos, da Sociedade Brasileira de Dermatologia ? Seção PR, explica que, geralmente depois dos 30 anos, a pele perde elasticidade e a pessoa fica mais sujeita ao surgimento de tumores.
A recomendação de Carlos Bastos é de que pessoas de pele clara que apresentam feridas que demoram mais de quatro semanas para cicatrizar, variação na cor de sinais como pintas e manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram, devam recorrer o mais rápido possível ao dermatologista. Embora o câncer de pele seja o tipo de câncer mais freqüente registrado no Brasil, quando detectado precocemente, apresenta altos percentuais de cura. O preço por esse modismo pode se tornar muito alto e não se deve pagar por ele, advertem os médicos.
Para cada tipo de pele um tempo de exposição
Cada tipo de pele pode ser mais ou menos sensível aos efeitos da radiação ultravioleta do sol, principalmente no verão. Estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia ? SBD estabeleceram o tempo de exposição ao sol recomendado para essa estação do ano. É importante conhecer seu tipo de pele, pois existem algumas mais ou menos sensíveis ao efeito da radiação ultravioleta do sol. Verifique, abaixo, o tempo de exposição que a sua pele agüenta.
Muitíssimo clara ? Pessoas com olhos azuis e sardentas, que sempre se queimam e nunca se bronzeiam: 15 minutos.
Muito clara ? Pessoas com olhos verdes ou castanho-claros e cabelo loiro ou ruivo, que sempre se queimam e, às vezes, se bronzeiam: 18 minutos.
Clara ? Média das pessoas brancas. Queimam-se moderadamente e se bronzeiam de modo uniforme: 24 minutos.
Morena-clara ? Pessoas com cabelo castanho-escuro e olhos escuros. Queimam-se pouco, bronzeiam-se muito: 31 minutos.
Morena ? Pessoas que raramente se queimam e se bronzeiam muito: 48 minutos.
Negra ? Pessoas que nunca se queimam e são profundamente pigmentadas: 66 minutos.
Obs.: o tempo acima determinado é para exposição de acordo com as seguintes condições: céu claro – sem nuvens e névoas -, e exposição ao sol sem proteção adequada.
Saiba qual o fator de proteção indicado para a sua pele
Cor da pele | Cor do cabelo | Facilidade para sofrer queimadura solar | Facilidade para bronzear | Fator de proteção recomendada |
muita branca | louro/ruivo | muita | pouca | igual ou sup. a 25 |
Clara | louro ou castanho-claro | freqüente | ligeira | igual ou sup. a 25 |
Morena | castanho escuro | pouco freqüente | muita | igual ou sup. a 20 |
Negra | preto | pouco freqüente | muita | igual ou sup. a 15 |