Nos primeiros anos de vida, as complicações suscetíveis às crianças que deixaram de ser vacinadas e foram afetadas por doenças consideradas infantis, como a varicela, por exemplo, podem ser caracterizadas por mal-estar passageiro, um pouco de febre e alguns dias de “molho”.
Porém quando estas doenças atingem os adultos as complicações poderão ocorrer em muito maior escala. Normalmente, nesses casos, uma doença como a mesma varicela pode deixar importantes sequelas que vão desde marcas profundas na pele até as infecções generalizadas, podendo chegar até a uma complicação pulmonar e ao óbito, riscos que aumentam de acordo com a idade do paciente.
Está amplamente difundido o conhecimento de que a maioria dessas doenças pode ser evitada pelo uso de vacinas. Somente, há alguns anos, foi implantada no Brasil a cultura de vacinação para adultos, ou seja, anteriormente ficava subentendido que vacinação era “coisa” de consultório pediátrico ou de campanha nas escolas.
Jovens imunizados
As campanhas de vacinação têm conseguido controlar e, em alguns casos, até mesmo erradicar doenças. |
De acordo com a imunologista Maria Thereza Batista da Costa, outras doenças típicas da infância que surgem na idade adulta, como o sarampo, que pode provocar pneumonia severa, e rubéola, trazem riscos e consequências potencialmente graves.
“Nenhuma doença é exclusiva de uma faixa etária, o que existe é uma incidência maior em uma fase da vida e menor em outra”, explica a especialista. Além disso, com as campanhas de vacinação em massa implantadas nos últimos anos no Brasil, deslocaram a faixa etária acometida pela doença.
Como uma grande parte da população mais jovem está imunizada, os adultos são os que correm maiores riscos de sofrer dessas doenças. Além do diferente impacto que elas têm nas diversas fases da vida, hoje já se sabe que muitas infecções acabam se transformando no agente causador de outras moléstias.
É o que acontece, por exemplo, quando um portador do vírus da hepatite B ve a doença transformar-se em crônica, adquire cirrose ou desenvolve um câncer de fígado. “Essas sérias consequências podem ser facilmente evitadas com as três doses da vacina que protege contra a hepatite B”, realça a médica.
Calendário completo
Nos extremos da vida se encontram as pessoas com maior risco para adoecimento e também para maior gravidade dos quadros: as crianças e os idosos.
“Vale ressaltar que, ao prevenir uma infecção pela gripe, por exemplo, são evitadas milhares de internações, óbitos, descompensações de doenças cardíacas e pulmonares crônicas, entre outros distúrbios”, reconhece o infectologista Jaime Rocha.
Por isso, se torna importante verificar se o idoso tem o calendário vacinal de infância completo. A justificativa é que alguns deles nunca receberam vacinas ou fizeram imunizações muito simplificadas.
Quanto às vacinas mais indicadas, destacam-se: a vacina contra o influenza, recomendada para todos e com necessidade de reaplicação anual; vacina contra pneumonia pneumocócia, que protege contra alguns tipos de pneumonia e está indicada para todas as pessoas com mais de 50 anos; e o reforço de tétano, para todos que já fizeram o esquema de vacinação contra a doença (deve ocorrer a cada dez anos).
MS recomenda vacina para viajantes
Todos os viajantes que pretendem visitar outros países devem estar vacinados contra o sarampo e a rubéola. É o que recomenda o Ministério da Saúde, seguindo orientação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os vírus causadores dessas doenças ainda circulam intensamente em diversos países do mundo. Por isso, ao viajar para o exterior, as pessoas que não foram vacinadas ficam expostas ao risco de contrair sarampo e rubéola, podendo contribuir a reintrodução dessas doenças no Brasil.
É importante que os viajantes não vacinados recebam a vacina pelo menos 15 dias antes da partida. A vacina tríplice viral, disponível na rede pública, é eficaz contra sarampo, rubéola e caxumba.
Além disso, crianças que receberam a vacina tríplice viral entre os seis e 11 meses de vida devem ser revacinadas aos 12 meses de idade. Apenas as pessoas que apresentam contraindicações médicas e crianças menores de seis meses de idade não devem ser vacinadas.
Na dúvida, devem consultar um médico antes de se vacinar e podem obter o endereço e os horários de funcionamento das salas de vacinação junto a Secretaria de Saúde do seu município. Em todo país, são mais de 30 mil salas de vacinação.
Dúvidas mais frequentes sobre vacinação
Melhor horário – As vacinas podem ser tomadas em qualquer horário do dia. A maioria das vacinas pode ser aplicada simultaneamente ou em dias próximos. Somente as vacinas com vírus vivo atenuado como, por exemplo, da rubéola, varicela, febre amarela, sarampo e caxumba, quando não aplicadas simultaneamente, necessitam de um intervalo de três a quatro semanas entre as aplicações.
Pessoas doentes – Como regra geral, não existe contra-indicação absoluta para se adiar uma vacina devido a quadros de doenças agudas. No entanto, a presença de febre pode gerar confusão entre uma doença em fase inicial com os possíveis efeitos colaterais da vacina, optando-se habitualmente por adiar a vacinação.
Uso de medicação – As medicações habituais devem ser tomadas normalmente, não devendo ser suspensas antes da vacinação. Deve-se somente avisar ao laboratório sobre o seu uso, prestando especial atenção para anticoagulantes e drogas que alterem o sistema imunológico. São raras as contra-indicações de vacinas devido ao uso recente ou atual de medicamentos.
Efeitos colaterais – A maioria das vacinas é extremamente segura e costuma causar no máximo uma leve dor local devido à aplicação. Eventualmente podem ocorrer sintomas inespecíficos, como febre baixa e mal-estar.
A maior parte dos efeitos adversos irá depender do tipo de vacina, forma de administração, número de doses (nos casos de vacinas que necessitam de reforço) e da resposta individual de cada paciente.
Contra-indicações – A vacina não deve ser aplicada em caso de alergia a algum dos seus componentes e em caso de reação anterior à mesma vacina. As vacinas de vírus vivos atenuados (rubéola, varicela, sarampo, caxumba) não podem ser aplicadas em pacientes com deficiência do sistema imunológico ou gestantes.
Gestação – A vacinação durante a gestação não é contra-indicada, exceto para vacinas de vírus vivos atenuados ou em casos de alergias. Somente para citar, existem diversas vacinas que estão especialmente indicadas para as grávidas, como a vacina contra gripe, hepatite e a vacina para tétano.
Vacina repetida – Não existe contra-indicação absoluta de repetir uma vacina que já tenha sido aplicada anteriormente ou de uma pessoa que já teve a doença receber esta vacina.
Só crianças – Apesar de a maioria das vacinas serem aplicadas na infância, existem algumas que devem ser aplicadas ou reaplicadas nos adultos. Alguns exemplos importantes são: reforço a cada 10 anos da vacina antitetânica e a vacina contra pneumonia após os 65 anos.
Proteção – As vacinas necessi,tam de certo tempo para induzir à formação de anticorpos e, assim, nos proteger. Esse tempo varia de uma vacina para outra, mas, na média, são necessárias de duas a quatro semanas.
Orientação médica – As orientações fornecidas pelo laboratório servem como um padrão de orientação sobre as condições ideais para a realização dos exames. No entanto, o médico pode se deparar com situações que exigem condições especiais. Assim, sempre que o médico fizer uma orientação especial, esta deve ser seguida. O ideal é que esta orientação venha por escrito no pedido médico.
Fonte: Frischmann Aisengart