Vacina contra câncer deve ser lançada em 2008

Um dos maiores grupos farmacêuticos do mundo, o britânico GlaxoSmithKline, está trabalhando em tratamentos e também em uma vacina contra o câncer de colo de útero, que deve estar no mercado até 2008.

Segundo o diretor-geral da GlaxoSmithKline, Jean-Pierre Garnier, existem neste momento 147 produtos em estudo, com “um vasto inventário de aplicações terapêuticas”. Entre esses, dois produtos em que a empresa deposita grandes esperanças. Ainda designado por um código, o “572016” foi apresentado durante a semana, em Londres (Reino Unido), pelo chefe da divisão de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Tachi Yamada, como “a esperança para tornar o câncer numa doença crônica”. “O câncer afeta em média uma a cada três pessoas, é uma imensa necessidade médica não satisfeita”, afirmou.

A pesquisa sobre o “572016” teve início em 1991, e a GlaxoSmithKline espera submetê-lo às autoridades sanitárias em 2005, para autorizar a sua entrada no mercado. Testado em pacientes desde 2001, trata-se do primeiro inibidor de duas enzimas consideradas como responsáveis por dois terços dos tumores cancerígenos.

Administrado uma ou duas vezes por dia por via oral, o medicamento mostrou-se capaz de estabilizar, e por vezes fazer regredir tumores sólidos nos pulmões, vesícula, cérebro e ainda no estômago.

Vacina

A GlaxoSmithKline espera igualmente lançar até 2008 uma vacina contra o câncer do colo do útero, segunda causa de mortalidade nas mulheres. O produto chama-se Cervarix e deve ser capaz de prevenir mais de 70% dos casos de câncer de útero. A vacina ainda precisa de testes clínicos em larga escala, apesar de ter já demonstrado eficácia de 100% em laboratório.

Em 2002, o grupo despendeu perto de 4 bilhões de euros em pesquisas, o que se traduz em mais de 400 mil euros por hora.

Mastectomia, teoria e prática

Alice H. Rosante Garcia

Deparar-se com o diagnóstico de câncer não é uma tarefa fácil, porém o processo de conhecimento da doença e do tratamento que o paciente passa em busca da cura, ensina muita gente a aceitar o problema e a lutar pela vida.

Nesse contexto, um dos tumores que possuem as mais altas taxas de incidência no mundo, o câncer de mama, acaba se tornando assustador para as mulheres, pois acena com a possibilidade da mastectomia, cirurgia para retirada de parte ou de todo o órgão para controle da doença. É por isto que precisamos conhecer sobre o assunto: para entendermos as razões dos tratamentos e não ver a doença de maneira tão assustadora e insuportável como parece.

Por mais agressivo que seja o diagnóstico, a ameaça de uma amputação é para algumas mulheres a pior conseqüência da patologia. Como convencer e tornar mais fácil para a paciente a retirada da mama, símbolo da feminilidade e órgão de extrema importância na busca do prazer sexual? Que tal conhecermos um pouco mais sobre a cirurgia e perder esse medo?

É muito importante visualizarmos algumas características do câncer de mama, para avaliar os prós e contras da perda desse órgão, o que nem sempre acontece. Existem vários tipos de mastectomia. A conhecida e temida mastectomia radical, retirada completa do seio incluindo os músculos peitorais e da axila, não é muito praticada atualmente, ao contrário do que acontecia há alguns anos.

Hoje, quando um especialista diagnostica o tumor, ele considera uma série de fatores para decidir, junto a paciente, a melhor ação a ser tomada. Entre esses fatores estão o tamanho da mama e do tumor, sua localização, a idade da paciente, a presença ou não de metástase e outros sinais prognósticos.

Para se localizar um tumor, os médicos utilizam um conceito que visualiza a mama em quatro partes diferentes: uma linha horizontal divide o seio em quadrantes superior e inferior, e uma linha vertical subdivide o órgão em outros dois quadrantes, internos e externos.

Agora fica mais fácil saber porque a localização do tumor é tão importante! Se a doença ocupar apenas um quadrante da mama é utilizada a cirurgia conservadora, também chamada de quadrantectomia, que retira apenas o setor ocupado. Se o tumor estiver em mais de um quadrante ou no centro, atrás do mamilo, não é possível conservar o seio, uma vez que precisamos retirar completamente as células doentes.

O tipo de cirurgia mais utilizado hoje é a chamada conservadora, feita em pacientes que tenham diagnosticado o tumor em estágio inicial, em que o volume de células atingidas é pequeno. Isso torna mais fácil o controle no pós-operatório, uma vez que a possibilidade de disseminação fora da mama é mais remota.

Quando o tumor está muito grande, com comprometimento da pele e/ou dos gânglios axilares, é prudente iniciar o tratamento com quimioterapia por dois ou três ciclos antes da cirurgia, na tentativa de diminuir o tamanho da doença e permitir a realização de uma cirurgia menos agressiva, ao mesmo tempo em que aumenta as chances de cura.

Se por essas razões a mastectomia já foi realizada, a paciente pode posteriormente decidir pela reconstrução da mama. Habitualmente, os especialistas sugerem um tempo médio de espera de dois anos. Depois desse tempo, se a mulher desejar, a cirurgia estética poderá ser feita utilizando várias técnicas. Entre elas há as que usam músculos e pele da região dorsal (costas) ou da região abdominal, que também implica em abdominoplastia (cirurgia redutora do abdome), ou então de colocação de um expansor sob a pele do plastrão (cicatriz da mastectomia), que será expandido gradativamente até atingir o tamanho desejado. Posteriormente, é feito o mamilo com pele da pálpebra ou dos grandes lábios da vagina, com ótimos resultados estéticos e sensitivos.

É preciso transmitir segurança às pacientes, mas sempre enfatizando que, como todas as cirurgias reparadoras, a de mama está sujeita a intercorrências, como infecções e necroses de enxerto, comprometendo o resultado final. Por isso deve-se discutir todos os detalhes com o cirurgião e ouvir opiniões de outros especialistas sobre o assunto para decidir com calma qual o caminho mais seguro a ser trilhado.

Vale lembrar que a decisão sobre reconstruir ou não a mama deve partir da paciente, que é a única capaz de avaliar até que ponto isso é importante para ela. Felizmente, hoje as mastectomias simples se restringem a poucos casos em que a cirurgia completa é indispensável.

Com a divulgação exaustiva de métodos preventivos, houve um aumento da preocupação da mulher com a sua saúde. Como conseqüência, observamos um crescimento na detecção precoce da doença, o que permite tratamento conservador, mesmo que complementado com radio e quimioterapia.

O importante é que a população feminina se conscientize da importância da realização dos exames preventivos e procure um médico sempre que tiver dúvidas. A prevenção ainda é a principal arma que temos contra o câncer, seja de mama ou de quaisquer outros órgãos.

Alice H. Rosante Garcia (alicegarcia@uol.com.br) é médica oncologista em Campinas.

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