Um bebê apresentou traços de infecção pelo vírus usado na vacina contra varíola, ao que tudo indica contraído ao ser amamentado por sua mãe, mulher de um soldado americano que foi vacinado. O caso incomum – que aconteceu em maio do ano passado – foi confirmado nesta semana pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
A vacina contra a varíola contém um vírus vivo, o que significa que há um risco de propagação. O vírus usado do imunizante é o vaccinia, similar ao da varíola e capaz de causar uma forma muito branda da doença.
O soldado teve uma forte reação local à vacina, mas continuou compartilhando a cama com sua mulher. Ele seguiu as instruções para se evitar que o vírus passasse para outras pessoas. Mas, uma semana depois de ele ter sido vacinado, a mulher dele apresentou inchaço e lesão nos mamilos. Uma semana depois, a lesão apareceu no rosto e na língua do bebê. Testes comprovaram a presença do vírus usado na vacina.
A varíola foi erradicada há mais de 20 anos. O programa americano de imunização contra varíola, lançado por temores de um ataque biológico, tem causado controvérsia devido aos efeitos colaterais da vacina. Desde dezembro de 2002, 18 casos de transmissão do vírus vaccina foram registrados nos EUA, mas o caso do bebê foi o primeiro de transmissão a uma terceira pessoa na cadeia iniciada por quem recebeu a vacina.
Acredita-se que a varíola tenha surgido há mais de três mil anos, provavelmente na Índia ou no Egito. De lá para cá, ela se espalhou pelo mundo, causou inúmeras epidemias, aniquilou populações inteiras (como diversas tribos de índios brasileiros) e mudou o curso da história. Marcas causadas pela doença foram encontradas na face da múmia do faraó Ramsés II. A doença atingiu também personagens importantes da história ocidental, como a rainha Maria II da Inglaterra, o rei Luis I da Espanha, o imperador José I da Áustria e o rei Luis XV da França.